O presidente da República Dominicana, Luis Abinader, assumiu, nesta sexta-feira (16), seu segundo mandato com apelos à comunidade internacional para que renove os esforços por seu vizinho, o Haiti, e condenando “ações autoritárias” na Venezuela após as eleições de 28 de julho.
“Aceito com orgulho a segunda oportunidade que o povo dominicano me deu”, disse Abinader em um discurso no qual expressou preocupação com o “retrocesso” das instituições e as crises que os países latino-americanos enfrentam.
Os congressistas participaram do evento no Teatro Nacional de Santo Domingo; o rei da Espanha, Felipe VI, chefes de Estado e de governo da região e outras personalidades e artistas também compareceram.
Abinader se mostrou satisfeito com a resposta da comunidade internacional à crise no empobrecido Haiti, após a violência desencadeada em fevereiro.
“Celebramos que (…) vocês tenham se comprometido a enviar forças para garantir a segurança do Haiti e que seja possível um cenário de estabilidade futura que permita a realização de eleições”, disse ele.
“Com a mesma força com que pedimos a intervenção da comunidade internacional no Haiti, queremos agora pedir que não caia no esquecimento. À República Dominicana não se pode pedir mais. Já fizemos demais”, assegurou.
Abinader, de 56 anos, disse durante sua campanha que manteria as detenções e deportações de haitianos que caracterizaram o seu primeiro governo, e que expandiria o muro de 164 km que construiu na fronteira com o país vizinho para prevenir a migração ilegal, o crime e o contrabando.
Nenhuma autoridade haitiana esteve presente no evento. O ministro das Relações Exteriores do Haiti, Dominique Dupuy, disse que a ausência se deveu às “obrigações urgentes” que o país enfrenta, segundo reportagens da imprensa, que também destacaram o sinal de protesto de não viajar em meio a um fechamento unilateral do espaço aéreo adotado pela República Dominicana.
Abinader também condenou a “violência política” das autoridades venezuelanas após as recentes eleições em que Nicolás Maduro foi proclamado presidente reeleito com 52% dos votos, sem que até agora tenham sido divulgados detalhes do escrutínio.
A oposição denuncia fraude e reivindica vitória do candidato Edmundo González Urrutia.
“Depois do resultado anunciado das eleições de 28 de julho, sem a devida transparência que um processo eleitoral exige e sem qualquer apoio documental das autoridades, há uma crise gravíssima, que nos leva a exigir a publicação de todos os registros eleitorais, sua verificação por instituições imparciais e respeito ao resultado que emana da vontade do povo venezuelano”, disse Abinader.
“Os abusos contra as instituições democráticas e o uso da violência política que observamos na Venezuela são altamente condenáveis. Estas ações autoritárias são profundamente injustas”, prosseguiu.
A situação na Venezuela será discutida entre vários líderes da região na República Dominicana, conforme anunciado na véspera pelo presidente panamenho, José Raúl Mulino.
Abinader venceu as eleições gerais de 19 de maio com mais de 57% dos votos, quase 30 pontos acima do seu adversário mais próximo, o ex-presidente Leonel Fernández.
O presidente assume seu segundo governo com a promessa de promover uma reforma fiscal que mantenha o crescimento da economia, que para este ano está estimado acima de 5%, segundo o Banco Mundial (BM).
A reforma, explicou, terá três objetivos: garantir finanças públicas saudáveis, reduzir a dívida e garantir recursos para melhorar os serviços de saúde, segurança e infraestruturas.
Abinader também promoverá uma reforma constitucional que será apresentada à Assembleia Nacional na próxima segunda-feira. O presidente reiterou que esta proposta não contemplará a reeleição por tempo indeterminado, temor que existia entre seus críticos.
Abinader terá maioria em ambas as Câmaras do Congresso, bem como nas prefeituras. Sua formação, o social-democrata Partido Revolucionário Moderno (PRM), e os partidos aliados controlam 29 dos 32 assentos no Senado, enquanto na Câmara dos Deputados têm 146 dos 190 assentos.
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