Rússia abre investigação contra dois jornalistas italianos após reportagem em Kursk

Os serviços de segurança russos (FSB) abriram neste sábado (17) uma investigação contra dois jornalistas do canal italiano RAI que realizaram uma reportagem no oblast (província) de Kursk, após atravessarem “ilegalmente” a fronteira a partir da Ucrânia, informaram as agências de notícias russas.

O FSB “abriu uma investigação criminal” contra os jornalistas italianos Simone Traini e Stefania Battistini por “cruzamento ilegal da fronteira”, indicaram os serviços russos em um comunicado citado pelas agências russas.

A embaixadora da Itália na Rússia, Cecilia Piccioni, foi convocada pela diplomacia russa em Moscou na sexta-feira para falar sobre o assunto.

Após sua convocação, um porta-voz da diplomacia italiana afirmou que a embaixadora defendeu perante as autoridades russas o trabalho “independente” dos jornalistas na província russa de Kursk, onde o Exército ucraniano realiza uma incursão há quase duas semanas.

“A embaixadora [italiana] recebeu um enérgico protesto devido às ações de uma equipe de filmagem da radiotelevisão pública RAI, que entrou ilegalmente na Rússia para cobrir o ataque terrorista criminoso de soldados ucranianos contra a província de Kursk”, denunciou a diplomacia russa em um comunicado.

A reportagem, transmitida nesta semana, foi realizada pelos dois jornalistas italianos junto ao Exército ucraniano na cidade russa de Sudzha, localizada a cerca de 10 quilômetros da fronteira ucraniana.

Sudzha abriga um importante centro de distribuição da gigante russa Gazprom que permite continuar fornecendo gás para a Europa através da Ucrânia.

Os dois repórteres italianos, que não se encontram na Rússia, podem ser condenados a até cinco anos de prisão, de acordo com o código penal.

As forças ucranianas atacaram o oblast de Kursk no dia 6 de agosto, capturando, segundo Kiev, 82 localidades e 1.150 quilômetros quadrados em uma ofensiva sem precedentes que surpreendeu o Exército russo.

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