Trump estremece o mundo antes da posse nesta segunda

O primeiro mandato de Donald Trump foi marcado por uma forma de governar diferente de tudo aquilo que o mundo conhecia até aquele momento. A comunicação direta com seu eleitorado e com seus adversários políticos através das redes sociais, seria depois copiada em diversos países, elegendo com sucesso vários líderes conservadores.

O isolacionismo defendido através do slogan America first, América primeiro, afastou os Estados Unidos de seus aliados históricos e obrigou o ocidente a procurar alternativas para uma política externa conjunta sem a liderança explícita norte-americana. O protecionismo econômico defendido através da alta taxação de produtos importados, acendeu uma intensa guerra comercial com a China, dificultando a cooperação das duas maiores economias na resolução de problemas globais.

Desde sua saída da Casa Branca em janeiro de 2021, muita coisa mudou em todo o planeta. Naquela altura, os impactos da pandemia ainda se faziam sentir em muitos países com hospitais cheios e ruas vazias. Os impactos econômicos de um mundo parado transformaram as nações mais ricas do mundo em sociedades cada vez mais desiguais e frustraram a juventude dos Estados Unidos com a classe política dominante.

No plano internacional, em fevereiro de 2022 a invasão da Ucrânia pela Rússia comprometeu consideravelmente as outrora amistosas relações entre ocidente e oriente e trouxe enorme pressão para o corpo diplomático norte-americano, movendo-se novamente para posicionar-se como apaziguador de conflitos em regiões geoestratégicas. Em outubro de 2023 o ataque terrorista do Hamas, iniciou mais uma guerra com participação indireta dos americanos e colocou a presença militar dos Estados Unidos em certas partes do mundo sob questionamento.

Durante a campanha eleitoral de 2024 todas essas questões que afligem os cidadãos estado-unidenses em relação às políticas internas e externas fizeram com que a mensagem de Trump falasse mais diretamente aos anseios nacionais e o garantisse uma vitória acachapante. Muitas promessas foram feitas e os desafios para cumpri-las são enormes. Acabar com a guerra na Ucrânia, por mais que seja possível, custará cortar laços históricos de muitas décadas com a Europa ocidental.

Abandonar definitivamente os ucranianos significaria fortalecer a Rússia e poderia ser uma péssima estratégia ao longo prazo. Representando mais de 60% de todo o dinheiro e armamentos mandados à Kiev, os Estados Unidos colocam grande pressão financeira sob os ombros europeus, além de uma gigantesca responsabilidade herdade de lidar sozinhos com Vladmir Putin e seu exército. No Oriente Médio, a pacificação seria a melhor alternativa para os beligerantes e seus apoiadores, contanto que seja acompanhada por uma postura altiva contra as ilegalidades cometidas pela República Islâmica do Irã ao financiar o terrorismo por toda a região. 

As pretensões territoriais de se comprar a Groenlândia ou anexar o Canadá, causaram grande espanto na comunidade internacional, mas para todos os efeitos, acabaram sendo levadas mais como bravatas políticas em busca de manchetes, do que sérias propostas a se considerar.

Os aliados europeus mais uma vez se depararam com uma enorme preocupação após tais declarações e começam a preparar o terreno internamente para uma gestão em Washington DC ainda mais instável do que a primeira. Aquilo que podemos afirmar, por hora, é que mesmo sem os quase ilimitados poderes concedidos a quem ocupa a Casa Branca, Donald Trump já conseguiu ocasionar inúmeros tremores de média magnitude pelo mundo. 

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