Aos 23, jovem lidera empresa de marketing e prevê faturar R$ 20 mi até 2030

Gabriel Rodrigues tem uma história pouco comum a empreendedores de primeira viagem, já que o desejo de ter um negócio próprio não partiu da necessidade, tampouco da percepção de uma oportunidade de mercado pontual.

Ele veio do encantamento pela criação de processos e a paixão por burocracias envolvendo a gestão de negócios. Também pudera: o empreendedor cresceu em meio ao chão de fábrica, acompanhando seu pai, um caseiro, nas rotinas administrativas de uma metalúrgica da zona industrial de Carapicuíba, na região metropolitana de São Paulo.

Rodrigues conta que a antiga rotina imersa em processos o inspirou a buscar mais autonomia, ainda que durante a infância. “Minha infância não era como a de outras crianças da minha idade. Convivi com processos, burocracias e interação com a chefia desde cedo”, conta.

Aos nove anos de idade, Gabriel ganhou seu primeiro computador. A curiosidade o levou ao universo online, atraído pelos jogos digitais e pela interação com outros jogadores em tempo real.

“Eu não jogava por jogar. Criava processos em cada jogo. Era interessante ver como é possível criar indústrias ou empresas e gerir pessoas em jogos comuns, de sobrevivência ou estratégia, que geralmente não te desafiam a isso”, diz.

Para além da diversão, o contato com os jogos online também levou o jovem a investir em seu primeiro empreendimento: uma loja virtual de produtos voltada ao público gamer. O negócio, porém, não deslanchou.

“Foi meu primeiro contato com o empreendedorismo. Me ensinou muito sobre a importância de pensar em negócios que pudessem escalar”, conta.

O mundo dos serviços

Enquanto o pequeno e-commerce não prosperava, o mercado e o jovem observavam a ascensão de uma outra tendência de mercado: a de influenciadores digitais e ‘YouTubers’.

Essas personalidades, conta Gabriel, se apoiavam nas redes sociais e na própria plataforma de vídeos para criar conteúdos próprios em busca de popularidade. A popularização astronômica desse público, porém, escancarou a necessidade de mais profissionalização também nas artes gráficas usadas por esses influenciadores.

A demanda levou Gabriel a oferecer serviços de design gráfico e edição de vídeos a esse público, uma habilidade que ele desenvolveu sozinho resultado do contato autônomo com ferramentas de edição.

Aos 13 anos de idade, a renda que vinha dali já era o suficiente para arcar com as despesas típicas de um adolescente, o que levou Gabriel a pensar em seu próximo passo empreendedor.

“Sempre busquei muito por empreendimentos com potencial de escala. Sentia que a prestação de serviços não me levaria a isso, pois ocupava muito de meu tempo e queria algo que pudesse crescer de forma acelerada”, lembra.

Em 2019, aos 17 anos, Gabriel e um amigo com quem cursava o ensino médio fundaram a Pen, uma pequena agência de serviços audiovisuais que oferecia edição de vídeo e criação de artes gráficas.

Atendendo ainda a influenciadores digitais e youtubers, o negócio conquistou seus primeiros clientes de forma orgânica e com uma estrutura pouco robusta, operando do quarto dos empreendedores, que passaram a morar juntos para cuidar do negócio.

Com a demanda crescente, a Pen também expandiu. A primeira equipe ganhou espaço próprio e logo diversificou a oferta de serviços: de uma prestadora de serviços audiovisuais, a Pen passou a se posicionar como uma assessoria de marketing.

A empresa também passou a operar no B2B, atendendo empresas de diferentes setores e empreendedores que buscavam profissionalizar sua presença digital auxiliando no acompanhamento dos resultados de campanhas digitais. 

“Vimos que os pequenos e médios empreendedores querem sempre vender mais. Por isso, além da gestão de redes sociais e criação de peças, entendemos que performance era o próximo passo. Hoje somos totalmente estratégicos”, explica Gabriel.

O posicionamento deu certo, e Pen multiplicou seu faturamento — em 2021, a receita foi de R$ 600 mil.

De olho no mercado de tecnologia

Apesar do bom desempenho, a ausência de um plano de negócios fez com que as receitas da Pen caíssem pela metade. Em 2022, apenas um ano depois, a empresa faturou apenas R$ 300 mil.

O time também ficou mais enxuto: de 12, passou a ter apenas 5 colaboradores, colocando em risco a continuidade da assessoria e forçando os sócios a repensarem a estratégia. 

“O empreendedor não costuma planejar em qual mercado vai entrar, o que ele vai oferecer e tudo mais. Ele só, muitas vezes, cai ali e segue fazendo o que sabe fazer. Essa lógica nos prendeu ao operacional e não nos permitia crescer”, afirma.

“Foi quando decidimos fazer um plano de negócios real, definir nossos diferenciais e onde iríamos focar”.

Diante do cenário pouco amigável, o plano dos sócios era concentrar os esforços da Pen exclusivamente no mercado de tecnologia, especialmente para empresas de software, deixando de lado os públicos que estava habituada a atender.

A iniciativa, adotada oficialmente há três meses, tem feito a empresa experimentar um crescimento superior a 60% a cada mês, conta o empreendedor.

O futuro do negócio

Com todas as mudanças em curso, a Pen projeta um faturamento de R$ 2 milhões em 2025. Em cinco anos, a intenção é multiplicar o resultado por 10, faturando R$ 20 milhões.

Para chegar lá, o objetivo da Pen é ser uma holding, reunindo diversas empresas que ofereçam diferentes serviços ligados à assessoria de marketing e resultado digitais, o que inclui até mesmo um braço de pré-vendas para os clientes. 

Na prática, isso significa que a Pen oferecerá profissionais responsáveis por qualificar potenciais clientes que interagem e se conectam às empresas de software por meio de seus anúncios digitais e então encaminhar os contatos potenciais (chamados de ‘qualificados’ pela terminologia do marketing) para os vendedores dessas empresas. “Queremos dominar o mercado de tecnologia como um todo, e levar adiante o nosso modelo de venda. Esse modelo funciona em vários modelos de negócio, mas é muito promissor em tecnologia e há poucos players que fazem isso hoje. É uma grande oportunidade”.

Para ter sucesso nos negócios, o empreendedor é categórico em sua recomendação: é preciso encontrar um nicho para especialização, e então ter a melhor oferta de produto ou serviço para um público restrito.

“Eu olharia para o mínimo mercado viável. Isso é, definir minimamente o mercado, nichar minha oferta e escolher um público específico e atender esse público dez vezes melhor. Hoje a concorrência está tão alta, que se a gente pega um pequeno público e fala: “eu vou atender esse público muito bem”, a gente se destaca. E foi o que aconteceu aqui dentro da Pen”, conclui.

(Texto de Maria Clara Dias)

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Este conteúdo foi originalmente publicado em Aos 23, jovem lidera empresa de marketing e prevê faturar R$ 20 mi até 2030 no site CNN Brasil.

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