EUA diz que influência chinesa sobre Panamá é ameaça à ‘segurança nacional’ e da América Latina

A influência chinesa na região do Canal do Panamá “é uma ameaça à segurança nacional” dos Estados Unidos e da América Latina, afirmou nesta sexta-feira (31) um alto funcionário americano.

Os Estados Unidos consideram perigoso tanto a ponte que empresas chinesas estão construindo sobre o Canal do Panamá quanto o fato de que elas controlam os portos em cada extremidade.

“Essa influência chinesa é real e não é apenas uma ameaça à segurança nacional dos Estados Unidos, mas também à própria segurança do Panamá e da região”, declarou em entrevista coletiva o enviado especial dos EUA para a região, Mauricio Claver-Carone.

No sábado, o Panamá será a primeira etapa de uma viagem do chefe da diplomacia dos Estados Unidos, Marco Rubio, que também visitará Costa Rica, El Salvador, Guatemala e República Dominicana.

Ele chegará em meio a tensões diplomáticas após o presidente Donald Trump declarar que deseja “recuperar” o controle do Canal do Panamá, pois acredita que ele está sob influência chinesa. Trump não descarta o uso da força para alcançar esse objetivo.

“A manutenção do canal não tem sido adequada”, reclamou Claver-Carone, acrescentando que “não é verdade” que os problemas logísticos sejam consequência do aumento dos preços ou das mudanças climáticas.

Washington estaria disposto a colaborar para resolver esses problemas, “mas não se nos cobrarem, porque, no fim das contas, isso é para o bem de todos”, ressaltou.

“Basicamente, a segurança do canal recai sobre os Estados Unidos e o Panamá”, afirmou. Ele também criticou a cobrança para a passagem de navios militares norte-americanos, dizendo que isso “é o cúmulo dos males”.

Claver-Carone confirmou que Rubio abordará esse tema, pois considera o canal “um ativo estratégico essencial” dentro dos planos de Trump.

O ex-presidente e atual candidato republicano se propôs a reverter a influência chinesa e devolver uma “era de ouro” aos Estados Unidos durante seu segundo mandato.

“Se o século XXI, assim como o século XX, será um século americano e a era de ouro das Américas, esse ativo estratégico não pode estar sob o controle da China”, insistiu Claver-Carone.

Na quinta-feira, o presidente panamenho José Raúl Mulino descartou qualquer negociação sobre o tema.

“Eu não posso negociar, e muito menos abrir um processo de negociação sobre o canal, isso está selado, o canal é do Panamá”, declarou.

Claver-Carone afirmou que Mulino não é o responsável pelo problema, atribuindo a culpa ao ex-presidente Juan Carlos Varela, a quem acusou de “entregar” o Panamá aos interesses políticos chineses.

erl/dga/am

Adicionar aos favoritos o Link permanente.