Terras raras, metais essenciais para a economia do futuro

As terras raras, que Donald Trump quer incluir em um acordo de ajuda dos Estados Unidos à Ucrânia, são metais estratégicos para a economia do futuro, particularmente para as principais tecnologias da transição energética.

– De onde vêm?

Os elementos de terras raras são compostos por 17 matérias-primas, como disprósio, neodímio e cério, descobertos no final do século XVIII na Suécia.

Embora suas propriedades sejam diferentes, esses elementos foram agrupados sob um mesmo nome porque geralmente estão presentes no mesmo solo.

Uma vez retirado da terra, o material deve passar por um tratamento de “separação” dos diferentes minerais em operações químicas que às vezes envolvem ácidos.

– São raras mesmo?

Na verdade, são bastante abundantes no planeta.

Em 2024, o Centro Geológico dos Estados Unidos estimou que haveria mais de 110 milhões de toneladas no mundo.

Mais de um terço dessas reservas estão na China, com 44 milhões de toneladas. Em seguida, vem Vietnã (22), Brasil (21), Rússia (10) e Índia (7).

“Quanto mais aumenta a demanda por essas matérias-primas, mais as pessoas as procuram e as encontram. O problema está mais na relação entre o custo de extração e o preço de mercado”, analisa John Seaman, pesquisador do Instituto Francês de Relações Internacionais (IFRI).

A demanda continuará aumentando. Para atingir a neutralidade de carbono até 2050, a União Europeia, por exemplo, precisará de 26 vezes mais terras raras do que usa atualmente, calculou a Universidade KU Leuven para a associação europeia de produtores de metais Eurometaux.

– O que têm de especial?

Cada um desses minerais tem seus próprios usos na indústria: európio para telas de televisão, cério para polimento de vidro e lantânio para catalisadores de motores de combustão.

Mas terras raras também podem ser encontradas em drones, parques eólicos, discos rígidos, motores de carros elétricos, lentes de telescópios e jatos de combate.

“Alguns desses elementos são mais ou menos insubstituíveis e têm custos elevados”, disse Seaman à AFP.

Suas propriedades às vezes são únicas. Por exemplo, as qualidades do neodímio e do disprósio os tornam ideais para a fabricação de ímãs permanentes para turbinas eólicas no mar.

Uma vez instalados, esses ímãs exigem pouca manutenção e oferecem alto desempenho, o que facilita a operação dessas usinas.

– China na vanguarda

A China tem uma ampla base de riqueza, mas seu domínio é “o auge de uma política industrial de longo prazo” e “a vantagem obtida com o atraso na regulamentação das indústrias extrativas”, afirma Jane Nakano, pesquisadora em Washington do Centro Internacional de Estudos Estratégicos (CSIS).

Ao longo de anos de grande investimento público, Pequim manteve uma extensa rede de refino desses materiais, levando muitos países produtores a exportar seus minerais para lá.

A China também tem mais patentes relacionadas a terras raras do que o resto do planeta junto, observa Nakano. Esse domínio foi alcançado ao custo de grandes danos ambientais.

– Busca por alternativas

As tensões entre a China e o Ocidente, seja por questões comerciais ou geopolíticas, são diversas. Isso indica uma necessidade urgente de Bruxelas e Washington diversificar seu abastecimento de terras raras.

A preocupação tem precedentes históricos: um conflito territorial levou a China a cortar o fornecimento de terras raras ao Japão em 2010.

Desde então, o arquipélago asiático diversificou seus fornecedores, fechando um acordo com a australiana Lynas e desenvolvendo uma subsidiária de reciclagem.

Outro alerta foi emitido nos Estados Unidos em maio de 2019. Em meio a uma guerra comercial com Washington, o presidente chinês Xi Jinping visitou uma fábrica de tratamento de terras raras e ameaçou bloquear a exportação desses materiais.

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