Venezuela diz que confisco de avião é ‘roubo descarado’ e chama Rubio de ‘ladrão’

A Venezuela qualificou, nesta sexta-feira (7), como “roubo descarado” a apreensão de uma segunda aeronave na República Dominicana pelos Estados Unidos, ao mesmo tempo em que se referiu ao chefe da diplomacia americana, Marco Rubio, um ferrenho crítico do presidente esquerdista Nicolás Maduro, como “ladrão de aviões”.

A apreensão ocorreu apenas seis dias após a visita a Caracas do enviado especial de Donald Trump, Richard Grenell, um encontro que foi descrito por Maduro como um “novo começo” e após o qual se concretizou a libertação de seis americanos detidos na Venezuela.

“A República Bolivariana da Venezuela denuncia ao mundo o roubo descarado de uma aeronave de propriedade da nação venezuelana, executado por ordem do secretário de Estado dos Estados Unidos, Marco Rubio”, indicou a chancelaria venezuelana em um comunicado.

“Marco Rubio, de mercenário do ódio a ladrão de aviões!”, acrescentou o texto.

Trata-se do segundo avião apreendido pelos Estados Unidos da Venezuela em menos de um ano, mas o primeiro gesto de mão pesada da administração de Donald Trump, que, em seu primeiro mandato, impôs um conjunto de sanções contra a Venezuela, incluindo um embargo petrolífero, na tentativa de derrubar Maduro.

A Venezuela ainda assegurou que “tomará todas as ações necessárias para denunciar este roubo e exigir a devolução imediata de sua aeronave”.

Embora a visita de Grenell a Caracas tenha sido celebrada pelo governante chavista, funcionários da administração Trump, entre eles Rubio, afirmaram que as prioridades de Washington “com relação à Venezuela” não mudariam.

Analistas observam que, embora Trump tenha tomado medidas radicais desde sua posse em 20 de janeiro, especialmente na questão migratória, até agora ele não revogou as licenças petrolíferas para operar na Venezuela concedidas à Chevron, à espanhola Repsol e às francesas Maurel e Prom.

A licença da Chevron – que produz cerca de 200.000 barris diários – permite ao governo venezuelano receber legalmente um importante ganho financeiro, considerado vital pelos especialistas.

– “Exemplo poderoso” –

Na presença de Rubio, um promotor dominicano e um representante das forças de ordem dos Estados Unidos colaram um cartaz que dizia “apreendido” no avião Dassault Falcon 200 de bandeira venezuelana que estava na pista de pouso militar de Santo Domingo.

“A apreensão deste avião venezuelano, utilizado para evadir as sanções dos Estados Unidos e o controle de lavagem de dinheiro, é um exemplo poderoso de nossa determinação de responsabilizar o regime ilegítimo de Maduro por suas ações ilegais”, disse Rubio na rede social X ao final de sua primeira viagem como secretário de Estado a cinco países da América Latina.

Segundo o Departamento de Estado, funcionários da Venezuela utilizaram essa aeronave para voar para Grécia, Turquia, Rússia, Nicarágua e Cuba, e a haviam levado à República Dominicana para manutenção.

“Este ataque contra a Venezuela demonstra que Rubio não é mais do que um criminoso disfarçado de político, usando seu cargo para saquear e despojar nosso país de seus bens. Seu ódio o torna um criminoso internacional, capaz de violar qualquer norma com o objetivo de prejudicar nossa Pátria”, destacou a chancelaria venezuelana.

Em setembro de 2024, durante a administração do ex-presidente Joe Biden, outro avião oficial da Venezuela, modelo Dassault Falcon 900EX, foi confiscado na República Dominicana e transferido para o estado da Flórida.

Autoridades americanas afirmaram que ele havia sido comprado “ilegalmente” por 13 milhões de dólares (R$ 75,2 milhões na cotação atual) através de uma empresa fantasma e usado para transportar Maduro e seus colaboradores.

A primeira apreensão ocorreu em meio a uma crise após a reeleição de Maduro, que a oposição denunciou como fraude ao reivindicar a vitória do ex-embaixador Edmundo González Urrutia, exilado desde setembro e reconhecido por Washington como presidente eleito da Venezuela.

Maduro foi declarado vencedor para um terceiro mandato consecutivo (2025-2031) pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE), sem que a contagem detalhada dos votos fosse divulgada, como exige a lei. O órgão eleitoral assegurou que seus sistemas foram hackeados, uma tese que especialistas eleitorais consideram improvável.

Em junho de 2022, um avião Boeing 747 venezuelano-iraniano foi retido na Argentina e destruído nos Estados Unidos em janeiro de 2024, fato que Caracas também qualificou como “roubo”.

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