Fundos da USAID pode ir para grupos terroristas, alerta órgão

O desmantelamento da Agência dos EUA para o Desenvolvimento Internacional (USAID) pelo governo Trump e seu congelamento radical da assistência estrangeira tornaram mais difícil rastrear o uso indevido potencial da assistência humanitária financiada pelos contribuintes dos EUA.

Isso significa que o fundo pode acabar indo involuntariamente para grupos terroristas, segundo um novo relatório do órgão de fiscalização independente da agência.

A conclusão do escritório do inspetor-geral da USAID parece enfraquecer os argumentos do presidente Donald Trump e Elon Musk de que suas medidas para acabar com a agência reduzirão a fraude e o desperdício.

Embora o relatório do inspetor-geral observe que o escritório há muito tempo “identificou desafios significativos e ofereceu recomendações para melhorar a programação da Agência para evitar fraude, desperdício e abuso”, ele deixa claro que o corte de pessoal da agência, bem como o congelamento da assistência estrangeira, impactaram negativamente os esforços de supervisão.

“Recentes reduções generalizadas de pessoal em toda a Agência… juntamente com a incerteza sobre o alvo das isenções de assistência estrangeira e comunicações permitidas com implementadores, degradaram a capacidade da USAID de distribuir e proteger assistência humanitária financiada pelos contribuintes”, comunica o relatório.

A USAID exige que programas no Afeganistão, Iraque, Líbano, Paquistão, Síria, Cisjordânia, Gaza e Iêmen recebam “verificação de parceiros”, a fim de garantir que os fundos dos contribuintes não acabem apoiando grupos como Hamas, Hezbollah, Estado Islâmico ou os Houthis.

Segundo o relatório, esses esforços de verificação foram interrompidos devido à redução de funcionários na USAID.

“Embora o escritório do inspetor-geral da USAID tenha identificado anteriormente lacunas no escopo da verificação de parceiros, 10 funcionários da agência relataram que a unidade de verificação antiterrorismo que apoia a programação de assistência humanitária foi informada nos últimos dias para não se apresentar ao trabalho (porque os funcionários foram licenciados ou colocados em licença administrativa) e, portanto, não podem conduzir nenhuma verificação de parceiros”, segundo o relatório.

“Essa lacuna deixa a USAID suscetível a financiar imprudentemente entidades ou salários de indivíduos associados a organizações terroristas designadas pelos EUA”, acrescentou.

Trump demitiu inspetores gerais de mais de uma dúzia de agências federais em sua primeira semana no cargo, mas o órgão fiscalizador da USAID permaneceu no cargo.

O congelamento da assistência estrangeira também suspendeu todos os contratos e atividades de monitoramento de terceiros — que é usado para supervisão de programas de assistência humanitária em lugares perigosos — “incluindo em ambientes de alto risco como Ucrânia, Afeganistão, Etiópia, Haiti, Gaza, Iraque, Líbano, Somália, Síria e Venezuela, impactando outra camada de supervisão sobre a ajuda fornecida pelos contribuintes dos EUA”, afirma o relatório.

Grande parte da força de trabalho de mais de mil pessoas no Escritório de Assistência Humanitária (BHA) da USAID já foi impactada por licenças ou está prestes a ser colocada em licença, acrescentou.

“Coletivamente, ações de pessoal executadas e planejadas removeriam, temporária ou permanentemente, aproximadamente 90% da força de trabalho mundial da BHA”, disse.

Essa redução de pessoal também teve um impacto negativo na capacidade da agência de responder a relatos de possível uso indevido de financiamento humanitário.

“Incertezas sobre o escopo das isenções, o grau de comunicação que é permitido entre a equipe da USAID e organizações de ajuda, a demissão repentina de funcionários contratados e a colocação de trabalhadores em licença administrativa remunerada limitaram a capacidade da BHA de receber e responder a alegações de fraude, desperdício, abuso ou desvio de ajuda humanitária”, disse.

Este conteúdo foi originalmente publicado em Fundos da USAID pode ir para grupos terroristas, alerta órgão no site CNN Brasil.

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