Estudante flagra nuvem colorida no céu do interior de SP; entenda o fenômeno


Fenômeno é chamado de nuvem iridescente. Anna Eduarda Henrique conseguiu gravar o momento, que depende de uma junção de fatores explicados pela física, e é relativamente raro, em Bauru (SP). Estudante flagra nuvem ‘colorida’ no céu de Bauru
O céu de Bauru (SP) estava diferente para a estudante Anna Eduarda Henrique no domingo (9). Ao olhar para cima para conferir se iria chover naquele fim de tarde, a jovem notou uma nuvem colorida em meio às outras, algo que nunca havia visto antes.
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Ao flagrar aquele fenômeno estranho, ela não perdeu tempo e fez o registro das variadas cores que faziam aquela nuvem ser diferente das outras (veja no vídeo acima).
Essa nuvem específica tem nome: nuvem iridescente. A manifestação de cores em nuvens é um tipo de fenômeno relativamente raro e depende de certas condições para que aconteça.
O professor Rodolfo Langhi, coordenador do Observatório de Astronomia da Unesp de Bauru, explica que a difração da luz é o principal causador do efeito visual. Basicamente, a difração é, pela física, a passagem de uma onda por um obstáculo, permitindo que ela se espalhe após a passagem.
“A luz do sol é branca, mas o branco não é uma cor e, sim, uma mistura de todas as cores visíveis. O que a gente pode fazer para separar essas cores é passar a luz branca do sol pela nuvem, porque ela é feita de gotículas microscópicas de água e de cristais de gelo. Então, quando a luz do sol, que é branca, bate nessas gotas, elas separam a luz branca do sol das cores que a compõem”, explica o professor.
Nuvem colorida tem formação semelhante à do arco-íris, mas é mais rara
Arquivo pessoal
Mas não para por aí. Alguns outros elementos são necessários para o surgimento de uma nuvem iridescente, que, inclusive, tornam mais complexa a visualização do fenômeno:
Espessura da nuvem: a nuvem iridescente só acontece quando a nuvem está muito fina, ou seja, há uma densidade muito baixa de gotículas de água ou de cristais de gelo. Quando a nuvem está muito espessa e carregada, esse fenômeno não vai aparecer;
Angulação do sol: de modo geral, o sol deve estar na frente de quem observa, ou até mesmo ocultado, escondido atrás de uma nuvem. Além disso, precisa estar em um ângulo exato com relação à pessoa que está observando. Não é em qualquer posição que a nuvem poderá ser vista;
Tempo restrito: o processo de formação da nuvem também implica a visibilidade do efeito. Isso porque esse tipo de nuvem não fica fina por muito tempo. Rapidamente vai aglomerando mais água e, como consequência, aumentando também a densidade. Quanto mais espessa, menos esse fenômeno aparece.
Qual a diferença entre nuvem iridescente e arco-íris?
Muitas pessoas já viram ou ainda vão ver um arco-íris, e a causa é a mesma da nuvem iridescente: a difração da luz solar nas gotículas de água. Mas como distinguir? O professor Rodolfo explica:
“Primeiro que um arco-íris é bem maior e ocupa uma grande região do céu, e o sol fica atrás de nós, já o arco-íris na nossa frente. No caso do fenômeno desse vídeo, na nuvem iridescente, ela não acontece com o sol atrás de nós.”
Dessa maneira, o que muda do arco-íris para a nuvem iridescente é que, no arco-íris, se tem muitas gotas de água caindo pelo ar, com o sol atrás de quem enxerga o arco multicolorido. As nuvens iridescentes são essas mesmas gotas, mas na nuvem.
“A nuvem iridescente, no geral, é bem menor que o arco-íris. Pega só um pedacinho das nuvens. Então, por isso, é mais difícil observar uma nuvem iridescente”, acrescenta Langhi.
Com toda essa dificuldade e necessidade de uma junção de fatores para poder capturar o momento da iridescência, a felicidade de Anna Eduarda por ter registrado o fenômeno não é para menos. Tanto que fez questão de eternizar o momento no vídeo.
“Fiquei até um pouco assustada. Nunca tinha visto. Gravei e mandei no grupo da família para ver se alguém já tinha visto.”
Anna, então, procurou na internet para entender o que estava diante dos seus olhos. Foi quando descobriu a iridescência.
“Fiquei muito feliz de poder ter visto pelo menos uma vez na vida. Foi bem rápido. Ela apareceu no meio das nuvens e já sumiu. Então acho que foi um momento bem raro que eu consegui pegar”, descreve.
*Colaborou sob supervisão de Mariana Bonora
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