GPA tem prejuízo em operações continuadas de R$ 737 mi no 4º tri

O GPA registrou prejuízo líquido consolidado de R$ 1,1 bilhão no quarto trimestre do ano passado, bem acima da perda de R$ 303 milhões no mesmo período do exercício anterior, de acordo com dados divulgados nesta terça-feira (19) pela empresa, que citou efeito de temas estruturantes e excepcionais no período.

No caso das operações continuadas, o prejuízo do dono da rede de supermercados Pão de Açúcar somou R$ 737 milhões, também muito acima da perda de R$ 91 milhões um ano antes.

A companhia explicou que avançou nos últimos três meses de 2024 em questões relevantes e estruturantes para o longo prazo que somaram um efeito negativo de R$ 385 milhões no resultado, sendo R$ 272 milhões no resultado continuado e R$ 113 milhões no resultado descontinuado.

“O efeito caixa destes temas está concentrado, principalmente, aos parcelamentos dos acordos tributários, que proporcionaram redução dos valores em discussão, e aos gastos com rescisões no projeto de reestruturação administrativa, que trarão economias estimadas em cerca de R$ 100 milhões em 2025”, disse a empresa em comunicado.

O GPA também citou efeito excepcional de provisões tributárias e trabalhistas, totalizando um impacto negativo de R$ 503 milhões, sendo R$ 291 milhões no resultado continuado e R$ 211 milhões no resultado descontinuado, com efeito caixa esperado no longo prazo e possibilidade de acordos no interim.

Excluindo esses efeitos, o prejuízo líquido das operações continuadas seria de R$ 174 milhões e o das operações descontinuadas — que entra no cálculo do resultado consolidado — passaria para R$ 43 milhões.

Projeções de analistas compiladas pela LSEG apontavam prejuízo líquido de R$ 193,16 milhões para o período.

No campo operacional, o GPA apurou crescimento de 6,9% na receita líquida ano a ano, para 5,22 bilhões de reais, enquanto o Ebitda ajustado consolidado aumentou 25,4%, para R$ 498 milhões, com margem crescendo 1,4 ponto percentual, para 9,5% — o melhor patamar desde 2020. As despesas com vendas, gerais e administrativas caíram 0,2%.

As projeções compiladas pela LSEG apontavam receita de R$ 5,166 bilhões e Ebitda de R$ 464,14 milhões.

As vendas mesmas lojas registraram um aumento de 9,6% no quarto trimestre. A bandeira Pão de Açúcar mostrou crescimento de 10,2% e do Extra Mercado apurou elevação de 10,3% nessa linha do resultado.

De acordo com o GPA, o e-commerce registrou expansão de 16,2% na receita, com a penetração nas vendas totais atingindo 12,2%.

O presidente-executivo da companhia, Marcelo Pimentel, comemorou o resultado, destacando que ele “coroa” o fechamento dos primeiros três anos do projeto de “turnaround” da empresa, com números operacionais que mostram o GPA crescendo.

“Como empresa, nós estamos celebrando muito esse momento histórico aqui no contexto da retomada da performance operacional”, afirmou.

“Sim, temos trabalhos de ‘one-offs’ que precisam ser corrigidos… há temas que temos tratado e vamos continuar tratando para garantir que o balanço da companhia esteja cada vez mais limpo e demonstrando verdadeiramente a operação brasileira que ela agora é”, acrescentou.

No quarto trimestre, o grupo abriu 29 lojas do formato de proximidade, sendo 14 Minuto Pão de Açúcar, 12 Mini Extra e 3 Pão de Açúcar Fresh. Em todo o ano de 2024, foram inauguradas 60 novas lojas, sendo 59 no formato de proximidade e 1 loja da marca Pão de Açúcar.

Pimentel afirmou que o grupo não está imune ao ambiente macroeconômico mais difícil, com aumento na taxa de juros, mas enxerga o cliente do GPA como mais resiliente, com uma renda discricionária maior, portanto, um pouco menos afetado pelo o que acontece na economia.

Além disso, pontuou, o GPA está em um mercado essencial, de setor básico de consumo. “Alimentos e farmácia são varejos que, apesar de crises, são mais resilientes do que a média de varejos discricionários”, reforçou.

Questionado sobre uma eventual migração de clientes para opções mais baratas, ele disse que não notou tal movimento. “Não foi o que vimos no último trimestre, quando já estávamos em meio a algumas incertezas com relação ao futuro, e não tem sido, pelo menos até então, o que temos visto no início do ano.”

Pimentel afirmou ainda que o GPA começou 2025 “muito bem” e acrescentou que a companhia tem trabalhado muito próxima à indústria para garantir a competitividade dos produtos nas lojas. “Temos canais e ferramentas para lidar com um mercado um pouco mais volátil como esse que estamos vivendo.”

Alívio no endividamento

O resultado financeiro líquido do grupo pré-IFRS ficou negativo em R$ 190 milhões, ante desempenho negativo de R$ 51 milhões um ano antes.

A companhia citou uma queda de 74% nas receitas financeiras, afetada pelo reconhecimento da marcação a mercado da fatia no Éxito no quarto trimestre de 2023, que gerou um efeito positivo de R$ 139 milhões. Excluindo isso, a redução seria de 27,4%, por menor posição de caixa e redução da taxa de remuneração.

As despesas financeiras, por sua vez, caíram 7,7%, decorrente da redução da dívida bruta e da taxa de juros.

Nos 12 meses encerrados em dezembro de 2024, a dívida líquida, excluindo os recebíveis não descontados, foi reduzida em R$ 911 milhões, em razão principalmente da venda de ativos não core e pela oferta pública primária de ações, que juntas totalizaram R$ 1,8 bilhão, além do fortalecimento operacional.

Assim, a dívida líquida, incluindo o saldo de recebíveis não antecipados, encerrou o período em R$ 1,3 bilhão e alavancagem financeira calculada pela relação entre a dívida líquida e o Ebitda ajustado consolidado pré-IFRS 16 (incluindo despesas com aluguéis) caiu a 1,6 vez, de 5 vezes um ano antes.

De acordo com o diretor financeiro do GPA, Rafael Russowsky, tal nível de alavancagem teve suporte também do efeito sazonal mais positivo para o varejo nos últimos meses do ano, e ele não descarta que ocorra uma “retomada de alavancagem” no começo do ano, também por efeitos típicos do período.

“Sequencialmente, eu tenho essa, digamos, volta à normalidade, mas quando eu olho ano sobre ano, a gente deve continuar evoluindo”, afirmou o executivo, que em outras divulgações mencionou que, para um negócio como o do GPA, enxergava como “razoável” algo próximo de 1 vez a 1,5 vez.

O GPA ressaltou que, na variação de outros ativos e passivos operacionais, observou, na comparação entre 2024 e 2023, uma redução decorrente do menor efeito líquido da monetização de créditos tributários, que, a partir de 2024, retornaram a patamares mais normalizados.

Os investimentos (capex ajustado) em expansão, reformas, conversões, manutenções, TI, digital e logística somaram R$ 178 milhões no quarto trimestre do ano passado, acima dos R$ 164 milhões registrados no mesmo período de 2023.

Este conteúdo foi originalmente publicado em GPA tem prejuízo em operações continuadas de R$ 737 mi no 4º tri no site CNN Brasil.

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