Após três anos de guerra, Ucrânia já perdeu 11% do território

Os atritos entre Rússia e Ucrânia não são uma novidade histórica. Apesar de compartilharem da mesma origem eslava, os dois países acumulam séculos de conflitos territoriais e religiosos. A tradição se manteve de modo que, em 2022, russos e ucranianos entraram em um novo combate armado – completando três anos de guerra nesta segunda-feira, 24.

Em 24 de janeiro de 2022, a Rússia lançou uma invasão em larga escala contra a Ucrânia, promovendo ataques em pontos estratégicos próximos à capital do país. Ajudada por potências externas, a Ucrânia organizou ofensivas proeminentes ao final de 2022 e 2023.

Mais de 1000 dias desde o início da guerra, o combate continua vivo e projeta um futuro incerto. Já são milhares de mortos e feridos, com outros milhões de refugiados. Além disso, a Ucrânia perdeu 11% do seu território original até o momento – o que demonstra como as fronteiras de terra são prioridade na batalha.

Disputa por território

No início da guerra, a Ucrânia assinalou vitórias em Kharkiv, uma das maiores cidades do país, e em Kherson, uma região portuária. Ambas as vitórias foram importantes, especialmente pelas características dessas áreas, que são pontos estratégicos para o Estado.

Porém, segundo dados do Institute for the Study of War, um monitor de conflito norte-americano, os ucranianos já perderam 11% do seu território desde o começo do confronto, em 2022. O instituto ainda afirma que a intenção de Putin era tomar toda a extensão de terra em poucos dias.

O avanço russo se concentra, em grande parte, no leste da Ucrânia, pelos campos de Donbas. Pouco a pouco, as tropas dominam cidades e vilas – exibindo um número expressivo de soldados.

Em fevereiro de 2024, a cidade de Avdiivka, ao norte de Donetsk, foi tomada por forças russas e, recentemente, elas têm adentrado em direção ao nordeste do país – invadindo a cidade de Kurakhove.

As ofensivas da Rússia contemplam diferentes lados do território ucraniano, além de ser uma problemática antiga. Em 2014, combatentes apoiados pelos russos conquistaram áreas de Donetsk e Luhansk e, no mesmo ano, a Península da Crimea também foi anexada pelo país.

Apesar disso, a Ucrânia conseguiu configurar investidas significativas contra o adversário, sempre apoiada por potências ocidentais. Com equipamentos e armamentos de peso – como o sistema anti-tanque Nlaw – o país de Volodymyr Zelensky ajustou sua resistência e recuperou a cidade de Kherson, no sul.

Suporte dos EUA

Os Estados Unidos são um dos principais patrocinadores internacionais do conflito e já mandaram cerca de US$95 bilhões em ajuda financeira para a Ucrânia. O suporte, porém, entra em jogo com a posse do novo presidente Donald Trump – que já criticou abertamente o custeamento da guerra e se comprometeu em mudar a postura da Casa Branca em relação ao apoio ucraniano.

Sem a ajuda americana, Volodymyr Zelensky dificilmente consegue arquitetar uma reação militar. No ano passado, por exemplo, os EUA deixou de fornecer armas para a Ucrânia durante quatro meses, o que resultou em um avanço intenso das tropas russas.

Segundo o professor de relações internacionais da ESPM, Gunther Rudzit, a relação entre Estados Unidos e Ucrânia muda com a transição do governo democrata para uma gestão republicana.

No mandato de Joe Biden, o ato de apoiar a guerra se dava na intenção de “atolar” a Rússia – potência rival dos EUA – em um novo conflito.

“Estados Unidos e Europa tinham essa visão ocidental, porque tinham a percepção comum de que os governos autocráticos, em especial a Rússia, eram uma ameaça aos valores ocidentais”, diz o professor.

Já com Donald Trump, que mostra insatisfação com o financiamento de atritos externos e não traça limites em relação a governos autoritários, a conduta mostra-se outra.

Como a gestão Trump não acredita nessa agenda identitária, não acredita em limitação das empresas, das big techs, redes sociais, houve o abandono desse compromisso por parte do governo – e, por isso mesmo, o racha nas relações transatlânticas entre Estados Unidos e Europa”, completa.

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