Brasil nunca teve tantas chances como agora no Oscar

Desde a época do #MeToo, bem como o movimento dos profissionais negros que eram praticamente ignorados nas premiações, o Oscar vem mudando um antigo padrão. O movimento de inclusão entrava firme no mercado e a Academia que se adaptasse ou morreria.

Essa mudança passou a ser refletida nas premiações e indicações. Sim, o Oscar está mais democrático. Filme estrangeiro passou a se chamar Filme Internacional, trazendo o conceito de inclusão no nome. Isso tudo tem contribuído diretamente para tornar a premiação mais plural.

“Ainda Estou Aqui”, além de ser um excelente filme –- porque não há prêmio que sustente filme ruim —, é dirigido por Walter Salles, diretor prestigiado e premiado no mundo todo. Também a temática, importante nos dias atuais, coloca o filme numa posição bem favorável. “Ainda Estou Aqui” chega em um contexto mais amigável. Se olharmos as cinco atrizes indicadas para o prêmio de Melhor Atriz, três são estrangeiras: Fernanda Torres do Brasil, Cynthia Erivo, britânica, e Karla Sofía Gascón, espanhola.

 

“Ainda Estou Aqui” é potente e sensível ao mesmo tempo. Conta a violência da ditadura sem um tiro sequer — apenas sob o ponto de vista de uma dona de casa e sua família tremendamente impactada pelo efeito nefasto da repressão.

O longa-metragem brasileiro carrega a força necessária para estar onde está e chegar ao prêmio máximo. Fernanda Torres é um espetáculo à parte. A atriz dá um show de interpretação que prende o espectador do início ao fim. Muito mais profundo e interessante do que a manjada Demi Moore.

A edição de 2025 do Oscar poderá ser lembrada como um marco histórico para o nosso cinema, e “Ainda Estou Aqui” é um exemplo da força da nossa indústria cinematográfica e da visibilidade que tem conquistado no cenário mundial.

Acho que o Brasil nunca teve tantas chances como agora. Tenho muito orgulho do filme e da Fernanda estarem onde estão.

O Brasil deve se orgulhar também.


Andrea Barata Ribeiro, sócia da O2 Filmes
Andrea Barata Ribeiro, sócia da O2 Filmes • Divulgação

*Andrea Barata Ribeiro é sócia da O2 Filmes é produtora executiva de filmes como “Cidade de Deus”, “Xingu”, “Marighella”, “Ensaio sobre a Cegueira”, além de séries para plataformas de streaming e televisão. Foi eleita em 2005 pela Variety como uma das produtoras mais influentes do mundo. Desde 2021 faz parte da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood.

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