O que esperar dos próximos passos do cinema nacional?

De tempos em tempos, uma grande revolução acontece e transforma tudo. Neste domingo (2), o Brasil finalmente conquistou seu primeiro Oscar.

A vitória foi com “Ainda Estou Aqui”, marcando o retorno do Brasil à categoria de Melhor Filme Internacional após 26 anos. A última indicação do país havia sido em 1999, com “Central do Brasil“.

Embora seja um prêmio de grande prestígio, o Oscar é frequentemente menosprezado por uma parte dos cinéfilos. Alguns o veem como um mero concurso de popularidade, que nem sempre valoriza a diversidade do cinema em termos de estilos, gêneros, atuações e nacionalidades.

As críticas ao prêmio, embora muitas vezes contundentes, têm seu fundo de verdade, mas é inegável que, enquanto símbolo, a estatueta representa muito. Para um filme estrangeiro, por exemplo, conquistar o Oscar pode abrir portas para novas parcerias e co-produções.

O prêmio é visto no imaginário popular como um símbolo de reconhecimento da “Meca do cinema”, e quem, de fato, negaria oportunidades a um realizador, ator ou até mesmo a um país que acaba de levar um troféu para casa? Bastante improvável.

O sucesso de “Ainda Estou Aqui” no cinema nacional vai além de um simples reconhecimento. A produção se tornou um fenômeno de bilheteira.

No Brasil, já figura entre os 15 filmes nacionais mais assistidos de todos os tempos – e agora, com a vitória no Oscar, é possível que o filme permaneça ainda mais tempo em cartaz nas salas de cinema.

Seus lucros também já somam mais de R$ 100 milhões em bilheteiras. E inão é só o filme com Fernanda Torres que está em destaque no cinema nacional.

Nesse momento de “sucesso”, outras produções brasileiras em cartaz, como “O Auto da Compadecida 2” e “Chico Bento e a Goiabeira Maravilhosa“, também tiveram um desempenho crescente, segundo dados recentes da Agência Nacional de Cinema (Ancine).

Na última semana, o Brasil também conquistou mais uma grande vitória em um dos maiores festivais internacionais de cinema. “O Último Azul“, de Gabriel Mascaro, ganhou o Urso de Prata no Festival de Berlim, o segundo prêmio mais prestigioso do evento.

Então, ao que indica, o cinema brasileiro está longe de parecer que “respira por máquinas”, como dizem os seus maiores críticos. Para além do filme de Mascaro, outras produções nacionais devem aquecer o mercado, ou conquistar apoio internacional.

O novo filme de Anna Muylaert, “A Melhor Mãe do Mundo“, também estreou na Berlinale, recebendo ótimas críticas. Kleber Mendonça Filho, um dos realizadores brasileiros mais aclamados internacionalmente, está prestes a concluir a pós-produção de “O Agente Secreto“, seu próximo filme.

Já o livro “O Filho de Mil Homens“, de Valter Hugo Mãe, foi adaptado com produção de Daniel Rezende e já foi adquirido pela Netflix.  Com o recente anúncio de que o Brasil será homenageado no Festival de Cannes 2025, fica claro que as oportunidades para o setor audiovisual brasileiro não param de surgir — e de forma merecida.

Agora, essas oportunidades também vêm acompanhadas do selo de aprovação da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas.

Este conteúdo foi originalmente publicado em O que esperar dos próximos passos do cinema nacional? no site CNN Brasil.

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