Primeira noite: escolas levam para a Sapucaí enredos que exaltam as conexões do Brasil com a África


Unidos de Padre Miguel, Imperatriz Leopoldinense, Viradouro e Mangueira cruzaram a avenida na primeira noite de desfile do Grupo Especial do Rio. Primeira noite: escolas levam para a Sapucaí enredos que exaltam as conexões do Brasil com a África
reprodução JN
As quatro escolas que desfilaram na Sapucaí na noite do grupo especial do Rio exaltaram as conexões do Brasil com a África.
Unidos de Padre Miguel
Em uma noite dedicada aos enredos afro, a Unidos de Padre Miguel contou a bonita história de Francisca da Silva, a Iyá Nassô, mãe de santo que ajudou a fundar o primeiro candomblé do Brasil: a Casa Branca do Engenho Velho, em Salvador.
“No nosso tripé tem uma réplica idêntica à coroa de Xangô que existe no terreiro da Casa Branca ”, conta uma mulher.
Destaque para o abre-alas gigantesco e luxuoso: o boi símbolo da escola feito por escultores de Parintins.
“É uma oportunidade gigantesca que nossa escola teve de subir para o especial. Foram 52 anos esperando por esse momento. E estou muito feliz porque é muita emoção”, diz uma foliã.
Imperatriz Leopoldinense
A Imperatriz Leopoldinense levou para a avenida o itan de Oxalá.
“Itans são justamente essas histórias guardadas pela oralidade africana. Esse itan demonstra a humanidade dos deuses”, explica Leandro Vieira, carnavalesco.
No mito escolhido, Oxalá ignora um conselho do jogo de búzios, pega a estrada sem pagar o pedágio cobrado por Exu, e se dá mal. Outro ponto alto da escola foi um carro com 5 mil litros d’água, que simboliza a purificação de Oxalá.
“Imperatriz é assim: super, hiper, abundante demais! É uma coisa assim que ninguém pode escrever, quase dói, de tão bom. É maravilhoso”, afirma um folião.
Enquanto o cortejo da Imperatriz seguia louvando os orixás, uma notícia vinda de terras estrangeiras chegava à Sapucaí: “Ainda Estou Aqui” ganhou o Oscar de melhor filme internacional. O anúncio do Oscar soou na avenida. Atores do filme assistiram à premiação juntos na Sapucaí.
Viradouro
Um carnaval que resgata histórias que a gente não está acostumado a ouvir, como a do Quilombo do Catucá, em Pernambuco, liderado por um caboclo misterioso chamado Malunguinho – tema defendido pela atual campeã do carnaval, a Viradouro.
“Ela é leve, levinha. E o que tem aqui? É uma mesa de oferenda, viemos como mestres encantados”, conta um folião.
“Eu sou um carcará, que era o pássaro mensageiro de Malunguinho, que avisava quando os perigos estavam vindo”, diz Erika Januza, rainha de bateria da Viradouro.
A comissão de frente da Viradouro foi um espetáculo à parte.
“Tem fogo, fumaça, tem catimbó, tem magia, tem chapéu voando, são os espíritos guardiões da mata”, diz outra foliã.
Mangueira
A Mangueira desfilou contando como a cultura do povo banto moldou a forma do carioca existir. A comissão de frente dos “crias” cruzou a pista dançando, zoando, soltando pipa e arrepiou a Sapucaí.
O samba também abordou a violência urbana e os alvos que as balas insistem em achar.
Um carro simbolizou os zungus. Os zungus eram espécies de pequenos quilombos onde o povo negro encontrava abrigo, refúgio, sustento, trabalho. Esse zungu é ainda mais especial porque tem a ilustre presença de Leci Brandão.
Mais forte que a Mangueira é só o amor que os mangueirenses têm pela própria Mangueira.
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