Rússia rejeita força de paz europeia na Ucrânia e diz que Macron ameaçou Moscou

MOSCOU (Reuters) – A Rússia descartou as propostas europeias de enviar forças de paz para a Ucrânia e disse nesta quinta-feira que o presidente da França, Emmanuel Macron, ameaçou o país ao sugerir que Moscou é uma grave ameaça para a Europa.

Macron disse em um discurso televisionado para a nação na quarta-feira que planeja realizar na próxima semana uma reunião de chefes das Forças Armadas de países europeus dispostos a enviar tropas para a Ucrânia após qualquer eventual acordo de paz com a Rússia.

Ele também disse que a França precisa estar pronta se os Estados Unidos não estiverem mais ao seu lado.

O presidente dos EUA, Donald Trump, alterou a política do país em relação à Ucrânia e à Rússia e exigiu um acordo para acabar com a guerra, repreendendo a Ucrânia enquanto discutia uma renovação dos laços com Moscou.

Macron disse que a Rússia é “uma ameaça para a França e a Europa”, que a guerra da Ucrânia já é um “conflito global” e que ele abriria um debate sobre a extensão da proteção nuclear francesa aos aliados na Europa.

O Kremlin disse que o discurso foi extremamente confrontacional e que ficou claro que Macron quer que a guerra na Ucrânia continue, enquanto o ministro das Relações Exteriores do presidente Vladimir Putin disse que o discurso representava uma ameaça contra a Rússia.

“É claro que isso é uma ameaça” contra a Rússia, disse Sergei Lavrov a repórteres em Moscou.

“Ao contrário de seus antecessores, que também queriam lutar contra a Rússia, Napoleão, Hitler, o Sr. Macron não age com muita elegância, porque pelo menos eles disseram sem rodeios: ‘precisamos conquistar a Rússia, precisamos derrotar a Rússia’.”

Lavrov também rejeitou as ideias europeias sobre o envio de forças de paz dos países membros da aliança militar ocidental Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) para a Ucrânia, dizendo que Moscou considerará esse envio como uma presença da Otan na Ucrânia, algo que não permitirá.

A Rússia e os Estados Unidos são, de longe, as maiores potências nucleares do mundo, com mais de 5.000 ogivas nucleares cada um, seguidos pela China, com cerca de 500, pela França, com 290, e pelo Reino Unido, com 225, de acordo com a Federação de Cientistas Americanos.

Autoridades russas afirmam que a retórica dura de Macron, do primeiro-ministro do Reino Unido, Keir Starmer, e de outras potências europeias nos últimos dias simplesmente não é respaldada por um poder militar forte e apontam para os avanços da Rússia no campo de batalha na Ucrânia.

No ano passado, Putin ordenou que o tamanho regular do Exército russo fosse aumentado em 180.000 soldados para 1,5 milhão de militares ativos, em uma medida que o tornaria o segundo maior do mundo, depois do Exército chinês.

Putin tem repetidamente descartado como absurdas as alegações ocidentais de que a Rússia poderia um dia atacar um membro da Otan.

A Ucrânia e o Ocidente dizem que Putin está envolvido em uma apropriação de terras no estilo imperial na Ucrânia e prometeram várias vezes derrotar a Rússia, que atualmente controla pouco menos de 20% da Ucrânia, incluindo a Crimeia e uma parte do leste e do sul do país.

Putin retrata a guerra como parte de uma luta histórica contra o Ocidente, que, segundo ele, humilhou a Rússia após o colapso da União Soviética em 1991, ampliando a Otan e invadindo o que ele considera a esfera de influência de Moscou, incluindo a Ucrânia.

(Reportagem de Guy Faulconbridge, Dmitry Antonov, Mark Trevelyan e Lucy Papachristou)

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