IstoÉ Cultura: 70 anos de Ripley, Graciliano Ramos fragmentado e espetáculos em SP

Na edição desta sexta-feira, 14, IstoÉ Cultura destaca o relançamento com um novo projeto gráfico da clássica série de livros de Patricia Highsmith sobre o criminoso Tom Ripley; uma biografia de Graciliano Ramos escrita pelo seu filho, bem como um box com algumas das obras mais clássicas do autor; o segundo livro da cubana Elaine Vilar Madruga; e a importância dos diários em um livro de uma autora estreante.

Além disso, temos a estreia de 2025 do Balé da Cidade de São Paulo, no Theatro Municipal; uma exposição em homenagem à escritora Carolina Maria de Jesus; e o monólogo de comédia “Um Simples Judeu”, que ganha uma pequena temporada em São Paulo.

Confira os destaques a seguir.

LIVROS

Um criminoso setentão

Em comemoração aos 70 anos da publicação original do clássico “O Talentoso Ripley”, de Patricia Highsmith, a editora Intrínseca acaba de lançar com um novo projeto gráfico as edições dos três primeiros volumes da pentalogia de um dos personagens mais adorados do gênero thriller: “O Talentoso Ripley”, “Ripley Subterrâneo” e “O Jogo de Ripley”.

Em “O Talentoso Ripley”, conhecemos Tom Ripley enquanto ele tenta se estabelecer em Manhattan após fugir de seu lar disfuncional. Bom de lábia, exímio imitador e piadista, praticante de furtos e pequenos golpes, ele recebe a oportuna missão de ir à Itália para convencer Dickie Greenleaf, o filho de um rico industrial, a voltar para os Estados Unidos e assumir os negócios da família. Seduzido pelo estilo de vida refinado do playboy, Tom vê a relação de amizade entre os dois se complicar com a interferência de Marge, a típica boa menina americana, rica e apaixonada por Dickie. Ao perceber a rejeição do outrora amigo, ele dá vazão a seus desejos mais sombrios e rouba não só o dinheiro dele, mas também a vida e a personalidade.

Na sequência, “Ripley Subterrâneo”, alguns anos se passaram e o protagonista está levando uma vida tranquila no sul da França ao lado da esposa, herdeira de uma grande fortuna. Comandando um esquema de falsificação de quadros, o golpista de repente se vê obrigado a mudar de identidade mais uma vez para convencer um comprador da legitimidade das peças e manter o negócio. No segundo volume, Highsmith mergulha na psique de Ripley ao expor seus motivos para aplicar sucessivos golpes, atiçando a curiosidade dos leitores para descobrir as consequências das infindáveis maracutaias de Tom.

Já em “O Jogo de Ripley”, o anti-herói não quer mais se envolver em serviços ilegais. Ele está aproveitando a vida doméstica com a esposa, pintando quadros na sua luxuosa propriedade — antigo hobby de Dickie. Mas, quando recebe uma proposta de um velho amigo, ele se vê hesitante: será que deveria aceitar e se envolver nos assassinatos de membros da máfia? Embora não esteja disposto, Tom tem uma ideia: aproveitar a oportunidade para passar um trote em um sujeito que foi hostil com ele. Acontece que o jogo macabro sai de controle e Tom logo se vê novamente embrenhado em um rastro de crimes. No volume com mais nuances psicológicas e humor ácido, Highsmith foi elogiada por subverter os padrões do gênero, situando a série como uma das mais elogiadas pela crítica.

Os dois últimos volumes, “O Garoto que Seguiu Ripley” e “Ripley Debaixo D’água” chegam às livrarias em julho, fechando o relançamento comemorativo da série pela Intrínseca.

IstoÉ Cultura: 70 anos de Ripley, Graciliano Ramos fragmentado e espetáculos em SP

“O Talentoso Ripley”, de Patricia Highsmith
Tradução: José Francisco Botelho
Intrínseca
336 págs.
R$ 59,90 (físico) / R$ 39,90 (e-book)

IstoÉ Cultura: 70 anos de Ripley, Graciliano Ramos fragmentado e espetáculos em SP
“Ripley Subterrâneo”, de Patricia Highsmith

Tradução: Fernanda Abreu
Intrínseca

336 págs.
R$ 59,90 (físico) / R$ 39,90 (e-book)

IstoÉ Cultura: 70 anos de Ripley, Graciliano Ramos fragmentado e espetáculos em SP
“O Jogo de Ripley”, de Patricia Highsmith

Tradução: José Francisco Botelho
Intrínseca

336 págs.
R$ 59,90 (físico) / R$ 39,90 (e-book)

 

Fragmentos de Graciliano Ramos

Acaba de sair pelo selo Via Leitura, do Grupo Editorial Edipro, um box com algumas das obras mais importantes de Graciliano Ramos, um dos maiores nomes da literatura brasileira. Com uma escrita concisa e intensa, o autor alagoano desvela as contradições humanas, as injustiças sociais e os dramas existenciais que atravessam gerações.

A coleção inclui “Vidas Secas”, uma narrativa poderosa sobre a luta pela sobrevivência no sertão; “Angústia”, um mergulho na mente atormentada de um homem consumido por seus próprios fantasmas; “São Bernardo”, um retrato da ambição e solidão de um homem em busca de poder; e “Insônia”, uma coletânea de contos que expõe os recantos mais sombrios da alma humana. As edições incluem artes de Andrés Sandoval e prefácios Micheliny Verunschk.

Já a Record, lança a biografia do autor escrita por seu filho, Ricardo Ramos. “Graciliano: Retrato Fragmentado – Uma Biografia” oferece um novo olhar sobre a vida do grande expoente da geração de 1930. A obra aborda, pelo olhar pessoal de Ricardo não apenas o legado literário de Graciliano, mas também o lado íntimo de sua relação familiar.

Aos poucos, o “retrato fragmentado” do título vai ganhando forma em múltiplas personas: o político, o comerciante, o diretor da Imprensa Oficial, o funcionário público, o jornalista e o comunista. Nesta biografia pouco convencional, o autor não se furta em dar a versão do próprio personagem, muitas vezes em diálogos, sobre fatos importantes de sua vida: da amorosa relação com o pai Sebastião ao atentado a tiros que sofreu em Alagoas; passando ainda pela prisão política entre os anos 1936 e 1937.

Em uma narrativa que ultrapassa e borra as fronteiras dos gêneros literários, mas com as marcas da concisão e objetividade presentes na escrita dos Ramos, somos apresentados a um novo Graciliano, autêntico, que só engrandece a obra que tanto admiramos. A edição é acompanhada de um encarte com imagens de Graciliano, Ricardo e sua família, além de um prefácio assinado por Silviano Santiago.

IstoÉ Cultura: 70 anos de Ripley, Graciliano Ramos fragmentado e espetáculos em SP
“Box Graciliano Ramos”, de Graciliano Ramos

Grupo Editorial Edipro
656 págs.
R$ 119

IstoÉ Cultura: 70 anos de Ripley, Graciliano Ramos fragmentado e espetáculos em SP
“Graciliano: Retrato Fragmentado – Uma Biografia”, de Ricardo Ramos
Record
210 págs.
R$ 79,90

 

Segundo livro de autora cubana

Elaine Vilar Madruga expande seu talento para os domínios do horror com este romance perturbador e ao mesmo tempo poético, que alcança camadas de significado muito profundas ao tratar de temas como a condição feminina, a maternidade, a violência e a degradação humana que assolam a América Latina.

Na trama de “O Céu da Selva”, ambientada num cenário caribenho não especificado, uma velha, suas duas filhas adultas, um homem e dezenas de “crias” humanas predestinadas a uma finalidade cruel vivem em uma fazenda inóspita à beira da selva. Mas algo está prestes a desequilibrar a bizarra engrenagem que rege o funcionamento dessa família.

Com uma prosa hipnotizante e visceral, os personagens envolvem o leitor apesar da brutalidade e da loucura que cada um deles carrega em sua mente e em seus atos. Vilar Madruga evoca Medeia para construir um universo implacável, no qual nenhuma mulher pode decidir não ser mãe e nenhuma mãe pode colocar o amor acima de suas obrigações com a selva, essa deusa faminta que permite viver em segurança em seus domínios e prove fartura, mas exige o mais alto dos preços em troca.

IstoÉ Cultura: 70 anos de Ripley, Graciliano Ramos fragmentado e espetáculos em SP
“O Céu da Selva”, de Elaine Vilar Madruga

Tradução: Marina Waquil
Instante
240 págs.
R$ 74,90

 

Autora pensa a importância dos diários e do amor no fazer literário

Qual o papel dos diários na história da literatura? Por que esse gênero é tão associado ao universo feminino? O que os escritos íntimos de grandes escritoras nos contam sobre a obra delas? Que função ocupa o amor, ou o fim dele, nos diários?

Em seu livro de estreia, a jornalista, pesquisadora e professora Ingrid Fagundez se debruça sobre essas e outras questões. Mesclando uma pesquisa aprofundada sobre a história e as transformações da escrita diarística com entradas do próprio diário, além de passagens dos escritos de Sylvia Plath, Susan Sontag, Katherine Mansfield, Virginia Woolf e Marie Bashkirtseff, a autora nos convida a repensar a importância dos diários e do amor para o fazer literário e oferece uma nova perspectiva para a chamada literatura feminina.

Pelas páginas deste Diário do fim do amor, acompanhamos o relato comovente do fim de um relacionamento e a busca da cura pela escrita, ao mesmo tempo que mergulhamos nos registros dos diários de grandes escritoras. Descobrimos, assim, não apenas aspectos importantes da obra de cada uma, mas também as dificuldades que circundam a literatura escrita por mulheres.

Nas palavras da escritora Tatiana Salem Levy, que assina a orelha dessa edição, “este é um belíssimo livro sobre uma escritora que, na companhia de tantas outras, se revela enquanto se cria. O que Ingrid Fagundez nos mostra […] é o quanto as pequenas experiências interiores guardam da imensidão do mundo”.

IstoÉ Cultura: 70 anos de Ripley, Graciliano Ramos fragmentado e espetáculos em SP
“Diário do Fim do Amor”, de Ingrid Fagundez

Fósforo
216 págs.
R$ 79,90 (físico) / R$ 55,90 (e-book)

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ESPETÁCULOS

Nova temporada do Balé da Cidade de São Paulo

O Balé da Cidade de São Paulo estreia nesta sexta, 14, sua primeira temporada do ano com uma coreografia inédita chamada Réquiem SP, na Sala de Espetáculos do Theatro Municipal, na região central da capital paulista.

Com criação, direção e coreografia de Alejandro Ahmed, que também atua como Diretor Artístico do Balé da Cidade, a obra terá a participação do Coral Paulistano e Orquestra Sinfônica Municipal, sob regência e direção musical de Maíra Ferreira.

Durante as interpretações de composições do romeno György Ligeti e do músico eletrônico canadense Venetian Snares (Aeron Funk), a coreografia apresenta um desafio e um exercício que estabelece um diálogo entre distintas linhagens de dança, como o balé, o jumpstyle e as danças urbanas populares.

A proposta investiga de maneira provocativa as possibilidades de articulação entre corpos, contextos e manifestações culturais, destacando as dinâmicas e a singularidade de uma cidade como São Paulo.

IstoÉ Cultura: 70 anos de Ripley, Graciliano Ramos fragmentado e espetáculos em SP

Ensaio da coreografia “Réquiem SP”

Réquiem SP. De 14 a 22 de março. Terças, quartas e sextas, às 20h; e sábados, às 17h. Ingressos: de R$ 10 a R$ 92. 60 min. Classificação: 18 anos.

Theatro Municipal. Praça Ramos de Azevedo, s/n – República, São Paulo. theatromunicipal.org.br

 

O que é ser judeu? Monólogo de comédia tenta explicar

Reestreia neste domingo, 16, em curta temporada na Unibes Cultural, a peça “Um Simples Judeu”, de Charles Lewinsky, com tradução de Sylvia Lohn. O espetáculo, estrelado por Ricardo Ripa, mistura comédia e drama para abordar temas como identidade, tolerância e a cultura judaica, tudo com um humor ácido e reflexivo.

A história encantou plateias em diversos países, como México, Alemanha e Argentina, e apresenta o jornalista Emanuel Goldfarb que é convidado por um professor para explicar a seus alunos o que significa ser judeu. Com direção de Carlos Baldim e um formato minimalista, a peça vai além da cultura judaica, trazendo à tona questões universais sobre intolerância e preconceito.

Um Simples Judeu se destaca como uma oportunidade de reflexão profunda, usando o humor para discutir temas como judaísmo, identidade e as minorias, prometendo emocionar e divertir o público.

IstoÉ Cultura: 70 anos de Ripley, Graciliano Ramos fragmentado e espetáculos em SP

Ricardo Ripa na peça “Um Simples Judeu”

Um Simples Judeu. Texto: Charles Lewinsky. Tradução: Sylvia Lohn. Direção Geral: Carlos Baldim. Ator: Ricardo Ripa. Classificação: 10 anos. Sábado, às 19h30, e domingos, às 17h. Ingressos: de R$ 40 a R$ 100. sympla.com.br

Unibes Cultural. Rua Oscar Freire, 2500 – Sumaré, SP. unibescultural.org.br

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EXPOSIÇÕES

Exposição homenageia Carolina Maria de Jesus

No dia em que comemoraria 111 anos, nesta sexta-feira, 14, a escritora Carolina Maria de Jesus, um dos grandes nomes da nossa literatura, ganha uma exposição em sua homenagem na Caixa Cultura, em São Paulo.

A mostra “Carolinas” reúne 11 artistas negras contemporâneas de diversas linguagens artísticas, e busca destacar o legado de Carolina Maria de Jesus nas novas gerações e reforçar o impacto de sua multifacetada produção artístico-literária para a arte e cultura brasileira.

A exposição conta com obras de múltiplas técnicas e elementos, como pinturas, esculturas, bordados, entre outros, reunindo as artistas Ana Paula Sirino, Antonia Maria, Bianca Foratori, Chris Tigra, Gugie Cavalcanti, Isa Silva, Mayara Amaral, Negana, NeneSurreal, Siwaju e Soberana Ziza. Reunidas, essas artistas apresentam obras que permeiam o universo de Carolina e/ou trazem referências em suas cores e simbologias.

IstoÉ Cultura: 70 anos de Ripley, Graciliano Ramos fragmentado e espetáculos em SP

“Carolina é o presente”, de Gugie Cavalcanti, e “Diário”, de Bianca Foratori

Carolinas. De 14 de março a 18 de maio. De terça a domingo, das 8h às 19h. Classificação: livre. Grátis.

Caixa Cultural São Paulo. Praça da Sé, 111 – Centro, São Paulo.

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