Bolsonaro lidera ato por anistia e diz que não sairá do Brasil

RIO DE JANEIRO, 16 MAR (ANSA) – Perto de se tornar réu por tentativa de golpe de Estado e inelegível até 2030, o ex-presidente Jair Bolsonaro comandou neste domingo (16) uma manifestação com dezenas de milhares de pessoas na Praia de Copacabana, no Rio de Janeiro, e voltou a cobrar anistia para os envolvidos nos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023.   

O ato foi realizado pouco depois de o ministro Alexandre de Moraes liberar a denúncia da Procuradoria-Geral da República contra Bolsonaro e outras sete pessoas para apreciação da Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF), que tem sessão marcada para 25 de março.   

“Eu jamais esperava um dia estar lutando por anistia de pessoas de bem, que não cometeram nenhum ato de maldade, que não tinham intenção nem poder para fazer aquilo que estão sendo acusadas”, disse o ex-presidente, sob gritos de “mito” e vestindo camisa da seleção brasileira.   

Em clima de culto evangélico, o ex-mandatário discursou em um trio elétrico que exibia uma bandeira dos Estados Unidos e um cartaz com a foto do presidente Donald Trump de punho erguido após sofrer um atentado em julho passado.   

“Eu jamais podia imaginar um dia na minha vida que teríamos refugiados brasileiros mundo afora”, acrescentou Bolsonaro, em referência aos participantes dos atos golpistas foragidos na Argentina.   

“Quem foi a liderança dessas pessoas? Não tiveram. Foram atraídas para uma armadilha”, disse o ex-presidente, a quem a PGR atribui o comando de um plano para intervir no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), prender Moraes, impedir a posse de Lula e convocar novas eleições Além disso, Bolsonaro é acusado de desacreditar o processo eleitoral brasileiro para criar um ambiente propício para uma intervenção militar. Um dos denunciados, o general Mário Fernandes, teria inclusive preparado um plano detalhado para assassinar Lula, seu vice, Geraldo Alckmin, e Moraes no fim de 2022, chamado “Punhal Verde Amarelo”. A trama só não teria avançado devido à falta de apoio do comando das Forças Armadas.   

Segundo a PGR, Bolsonaro cometeu os crimes de organização criminosa armada, golpe de Estado, tentativa de abolição do Estado de direito, dano qualificado por violência e grave ameaça contra patrimônio da União, além de deterioração de patrimônio tombado. Ele arrisca pegar quase 30 anos de prisão.   

“Não vou sair do Brasil. Escolhi o lado mais difícil e não tenho obsessão pelo poder. Se algo acontecer comigo, continuem lutando”, disse o ex-presidente, que convocou uma nova manifestação para 6 de abril, na Avenida Paulista, em São Paulo.   

(ANSA).   

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