Como o STF pode ajudar a direita contra Lula em 2026

Ao colocar Jair Bolsonaro no banco dos réus, provavelmente nesta quarta-feira, 26, o STF dará largada ao processo que pode levar o ex-presidente a ser condenado e preso pelas maquinações golpistas em seu governo. A ação penal contra Bolsonaro — e, sobretudo, a agilidade ou lentidão com que ela vai se desenrolar no Supremo — terá naturalmente efeitos colaterais políticos e será uma variável fundamental na definição do candidato da direita à Presidência em 2026.

A depender de quando Bolsonaro for condenado, o STF poderá, ao fim e ao cabo, ser o catalisador de uma candidatura competitiva da direita contra Lula no ano que vem. Governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas é o nome eleitoralmente mais forte nesse sentido.

Lula vem em baixa nas pesquisas de opinião sobre seu governo, mas ainda lidera as intenções de voto nos levantamentos mais recentes, como o divulgado pela Quaest no começo de fevereiro. A dianteira do petista se deve em larga medida à fragmentação da direita sob Bolsonaro, que não quer nem ouvir falar de declarar apoio a um nome que não seja o dele próprio.

O ex-presidente reafirmou essa posição intransigente na última segunda-feira, em entrevista a um podcast, ao lado de Tarcísio. “Só passo o bastão depois de morto”, exagerou.

Caso Bolsonaro seja condenado e preso antes de abril de 2026, prazo para Tarcísio renunciar ao governo paulista para concorrer ao Palácio do Planalto, o ex-presidente se veria enfraquecido e aumentaria a pressão por um apoio ao aliado. Tarcísio poderia se lançar na disputa tendo o indulto a Bolsonaro como plataforma de campanha, um modo de galvanizar o bolsonarismo em torno de si.

Caso uma condenação de Bolsonaro se alongue e ele não seja preso antes do prazo de desincompatibilização de Tarcísio, é difícil imaginar que o ex-presidente, solto, declare apoio ao governador. Do mesmo modo, Tarcísio dificilmente renunciaria ao governo paulista por uma candidatura incerta à Presidência.

Considerando que Lula tem boa interlocução no STF, especialmente na Primeira Turma, que julgará Jair Bolsonaro, não é difícil imaginar que o fator político seja levado em conta nos prazos para conclusão do julgamento de seu principal rival.

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