A Rússia suspendeu nesta quinta-feira (17) a proibição ao Talibã, que havia sido classificado por mais de duas décadas como uma organização terrorista, em uma medida que abre caminho para Moscou normalizar os laços com a liderança do Afeganistão.
Nenhum país reconhece atualmente o governo Talibã, que tomou o poder em agosto de 2021, quando as forças lideradas pelos EUA realizaram uma retirada do Afeganistão após 20 anos de guerra.
Mas a Rússia vem gradualmente construindo relações com o movimento, que o presidente Vladimir Putin afirmou no ano passado ser agora um aliado no combate ao terrorismo.
O Talibã foi declarado ilegal pela Rússia como um movimento terrorista em 2003. A mídia estatal russa informou que a Suprema Corte do país suspendeu a proibição nesta quinta-feira com efeito imediato.
“A Rússia visa construir laços mutuamente benéficos com o Afeganistão em todas as áreas, incluindo o combate às drogas e ao terrorismo”, afirmou o Ministério das Relações Exteriores da Rússia em um comunicado.
O ministério acrescentou que Moscou era grata ao Afeganistão pelas operações militares contra a filial local do Estado Islâmico.
Moscou também visa fortalecer os laços comerciais, empresariais e de investimento com Cabul, alavancando a posição estratégica do Afeganistão para futuros projetos de energia e infraestrutura, afirmou o comunicado do ministério.
Em março de 2024, homens armados mataram 145 pessoas nos arredores de Moscou, em um ataque reivindicado pelo Estado Islâmico. Autoridades americanas disseram ter informações de inteligência indicando que a filial afegã do grupo, o Estado Islâmico Khorasan (ISIS-K), foi a responsável.
O Talibã afirma estar trabalhando para eliminar a presença do Estado Islâmico no Afeganistão.
Diplomatas ocidentais afirmam que o caminho do Talibã para um reconhecimento internacional mais amplo está bloqueado até que ele mude de rumo em relação aos direitos das mulheres.
O Talibã fechou escolas de ensino médio e universidades para meninas e mulheres e impôs restrições à sua movimentação sem um tutor homem. O Talibã afirma respeitar os direitos das mulheres, em consonância com sua interpretação rigorosa da lei islâmica.
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