Próximo Papa: difícil falar em favorito; Francisco não estava entre os cotados no último conclave


Escolha do sucessor definirá se a Igreja Católica seguirá o rumo traçado por Francisco ou assumirá uma posição mais conservadora. Fiéis rezam em memória do papa Francisco na Catedral de Santa Maria em Yangon (Mianmar) em 22 de abril de 2025.
Sai Aung Main/ AFP
Francisco está morto, seu funeral será mais simples do que o de seus antecessores e estima-se que o conclave que elegerá o próximo líder da Igreja Católica começará entre 5 e 10 de maio. Até lá, conviveremos com as especulações que já mobilizam a Cúria e o mundo: quem sairá Papa da Capela Sistina e em qual tendência ideológica se encaixará o sucessor de Francisco? Estará alinhado às reformas que ele promoveu ou emergirá alguém vinculado ao setor conservador, que resistiu às mudanças traçadas nos 12 anos de seu Pontificado?
As respostas sobre o rumo que a Igreja Católica deve seguir estão nas mentes de 135 cardeais oriundos de 71 países, que elegerão o novo Papa — 80% deles escolhidos por Francisco. Isso não significa, contudo, que o novo conclave estará dominado pelo grupo ligado ao Papa. Ao contrário, não há um favorito claro, como era, por exemplo, Joseph Ratzinger, que sucedeu a João Paulo II, em 2005, como Bento XVI.
Com a convergência rápida dos cardeais a Roma para o funeral do Papa e o conclave, começa também um longo e agitado processo de reuniões e lobbies entre os grupos de eleitores. Prevê-se um longo embate entre as duas linhas e o surgimento de novos nomes.
Quem pode substituir Francisco? Veja nomes cotados
As listas publicadas cotam entre 12 e 15 “papáveis”, mas, de novo, são especulações. Vale lembrar que o nome do cardeal argentino Jorge Bergoglio não figurava na grande maioria das listas que antecederam o último conclave, em março de 2013, realizado após a renúncia do Papa Bento XVI. Foram necessárias cinco votações até que a fumaça branca surgisse do lado de fora da Capela Sistina, e o mundo se surpreendesse com a eleição do Papa argentino.
Desta vez, o abismo entre os grupos é grande, o número de votantes supera o do último conclave e os novatos mal se conhecem. Escaldado pela dura resistência que enfrentou durante o seu Pontificado, Francisco planejou o conclave para dar mais representatividade ao rebanho de 1,4 bilhão de fiéis.
Em 2013, os cardeais representavam 48 países; agora são oriundos de 71. Os europeus estão em menor número — apenas 17. Entre eles, despontam três italianos — o atual secretário de Estado do Vaticano, Pietro Parolin, o arcebispo de Bolonha, Matteo Zuppi, e o patriarca da Terra Santa, Pierbattista Pizzaballa — todos ligados a Francisco.
Se a liderança da Igreja se abrir para a Ásia, o filipino Luis Antonio Gokim Tagle aparece como o mais cotado, por ter sido o mediador no diálogo entre a Igreja e a China e, mais tarde, nomeado por Francisco para ser o pró-prefeito para a Evangelização.
O húngaro Péter Erdo, arcebispo de Budapeste, ligado a Bento XVI, é cotado como o principal candidato dos conservadores. Tudo indica que neste conclave, haverá muito mais em jogo do que o nome do Papa.
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