A morte do papa Francisco marca o fim de um pontificado que se destacou por posicionamentos firmes sobre justiça social, imigração e direitos humanos.
A postura gerou algumas tensões com líderes mundiais, como, por exemplo, com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, especialmente em relação às políticas migratórias do republicano.
Francisco, conhecido por sua defesa dos migrantes e refugiados, foi um crítico contundente das medidas restritivas adotadas pelos EUA.
O posicionamento gerou atritos durante o primeiro mandato de Trump e continuou no segundo, quando, no início de 2025, os desentendimentos entre o Vaticano e a Casa Branca voltaram a ganhar força.
Oposição às deportações em massa
Em janeiro de 2025, quando Trump anunciou “a maior operação de deportação da história dos Estados Unidos”, Francisco classificou o plano como “uma desgraça”, pois faria com que “os mais pobres pagassem a conta das desigualdades”.
No mês seguinte, em carta aos bispos dos Estados Unidos, o papa voltou a criticar a política de deportações em massa do governo Trump, descrevendo-a como “uma grande crise” que “fere a dignidade humana”.
“Exorto todos os fiéis da Igreja Católica a não cederem a narrativas que discriminam e causam sofrimento desnecessário aos nossos irmãos e irmãs migrantes e refugiados”, declarou Francisco durante uma missa no Vaticano.
A resposta do governo Trump foi imediata. Tom Homan, responsável pelas políticas de imigração e fronteira, rebateu as críticas do papa: “Que ele se atenha à Igreja Católica e deixe a fiscalização da fronteira conosco. Ele quer nos criticar por protegermos nossas fronteiras, mas o Vaticano também tem um muro ao seu redor, não tem?”

Opinião contrária ao muro de Trump
Donald Trump visitou o Vaticano em 2017, acompanhado da primeira-dama Melania. A visita foi meramente protocolar e não impediu os embates que viriam entre o republicano e o pontífice no primeiro mandato do republicano.
Uma das maiores críticas envolveu a promessa de Trump de construir um muro entre os Estados Unidos e o México para evitar a entrada de imigrantes sem documentos.
“Aqueles que constroem muros acabam se tornando prisioneiros deles mesmos”, declarou Francisco em 2019. “Isso é história”, adicionou.
Trump reagiu imediatamente, classificando as declarações do pontífice como “vergonhosas”.
Durante o pontificado, Francisco trabalhou para fortalecer a presença da Igreja Católica nos Estados Unidos, onde cerca de 22% da população se declara católica.
Ele nomeou o cardeal Robert McElroy, crítico de Trump, como arcebispo de Washington.
Este conteúdo foi originalmente publicado em Relembre os embates entre o papa Francisco e Donald Trump no site CNN Brasil.