Documentário homenageia homem que tocou sino de catedral do AC por mais de 60 anos: ‘trabalho gratificante’


‘Alberto Brito: o tocador de sinos’ homenageia homem que exerceu função de sineiro desde a década de 1960 na Catedral de Cruzeiro do Sul. Lançamento ocorreu na sexta-feira (25) em conjunto com outro documentário, o ‘Memórias da Confraria da Revolução Acreana’. ‘Alberto Brito: o tocador de sinos’ e ‘Memórias da Confraria da Revolução Acreana’ foram lançados no Cine Teatro Recreio, em Rio Branco
Arquivo pessoal
‘Alberto Brito: o tocador de sinos’. Este é o nome do documentário que homenageia o ministro da eucaristia que, por mais de meio século, tocou o sino da Catedral Nossa Senhora da Glória, em Cruzeiro do Sul, no interior do Acre. O lançamento ocorreu na última sexta-feira (25) no Cine Teatro Recreio, no Segundo Distrito de Rio Branco.
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A produção, que contou com direção de Adalberto Queiroz, celebra a vida e a dedicação de Alberto Brito, que morreu aos 90 anos, no dia 22 de junho de 2023, na cidade cruzeirense.
O evento contou com a presença de familiares, amigos e admiradores de Alberto, além de representantes da cultura. No mesmo evento, também foi lançado o documentário ‘Memórias da Confraria da Revolução Acreana’, produzido por Nonata Souza.
A exibição do documentário iniciou com um momento de conversa com Alberan Moraes, filho do homenageado, onde foram compartilhadas memórias e histórias sobre a trajetória de Alberto e a importância de seu trabalho para a comunidade.
“Eu sinto uma leveza no meu coração com a realização desse documentário, que tem como objetivo registrar a vida de meu pai, homem de fé e de testemunho de amor ao próximo, que na sua vida simples, no seu cotidiano evangelizou a todos nós, no subir e descer a ladeira do Morro da Glória, nos serviços de liturgia, nas orações, nos velórios, no acompanhamento dos sepultamentos, na comunhão eucarística, nas conversas, nos conselhos, nas palavras de conforto para aqueles que o procuravam”, falou ele ao g1.
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Arquivo pessoal
Com imagens de arquivo e depoimentos de familiares, amigos e religiosos, a produção destaca a importância dos sineiros na formação da identidade sonora das cidades brasileiras, bem como a de resgatar e preservar a memória de um homem cuja rotina simples e silenciosa teve um impacto profundo na vida religiosa e cultural de Cruzeiro do Sul.
“Uma de suas marcas que ditou os ritos de nossa Cruzeiro do Sul, foi o tocar dos sinos. Sinos que traduziram a vida de nossa cidade, que nos acordava para os nossos afazeres. Fazer este documentário é registrar a nossa história, a nossa cultura, o nosso Vale do Juruá, a nossa Cruzeiro do Sul, pois Alberto Rodrigues de Brito simboliza a vida, a história do Alto do Vale Juruá”, destacou.
Alberto Rodrigues de Brito morreu aos 90 anos em Cruzeiro do Sul
Vanísia Nery/g1/arquivo
Alberan frisou ainda que os sineiros, a partir de 2009, se tornaram patrimônio imaterial do Brasil pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).
“Meu pai tocou sino por 61 anos na Catedral de Cruzeiro do Sul. No documentário, uma irmã até fala que ‘quando os padres dormiam demais, ele quem celebrava a missa’ porque desde criança [ele está] dentro da igreja […] foi um trabalho tão gratificante para ele que ele teve a maior honra que um cruzeirense pode ter, que é estar enterrado na cripta da catedral, onde só os bispos podem ser enterrados”, finalizou.
Documentários foram lançados nessa sexta-feira (25) no Cine Teatro Recreio, em Rio Branco
Divulgação
O tocador de sinos
Seu Alberto, como é conhecido na cidade, começou o ofício quando tinha apenas 20 anos. Por causa da idade e de problemas de saúde, se aposentou do ofício, no ano passado, mas ainda hoje é lembrado pela população pela função exercida por mais de meio século de vida.
Nascido em dia 15 de novembro de 1932, no Seringal Cruzeiro do Vale, Colocação Campo de Santana, em Porto Walter (AC), o ministro da eucaristia começou a tocar o sino da Catedral, em Cruzeiro do Sul, quando o prédio ainda era construído em madeira, no alto do Morro da Glória.
Na segunda maior cidade do Acre, Alberto viu a catedral ser reformada e ganhar traços da arquitetura alemã. No dia 15 de novembro de 1965, ele fez soar as primeiras badaladas do sino.
“Eu sempre tocava o sino às seis horas, ao meio dia e seis horas da tarde. Nos dias de missa, tocava três vezes, sendo uma hora antes de começar, depois meia hora antes de começar e no momento que ia iniciar a celebração. Sempre foi assim durante esses 60 anos”, disse ele, na época, ao g1.
Alberto Rodrigues de Brito, o tocador de sinos de Cruzeiro do Sul
Vanísia Ney/g1/Arquivo
VÍDEOS: g1
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