A discussão envolvendo a camisa da seleção pode ter servido para alguma coisa: mostrar que a torcida ainda se importa com o time nacional. O desempenho dentro de campo deixa a desejar há muitos anos, mas a equipe faz parte da memória afetiva do povo brasileiro. Deixando questões políticas de lado, a informação inicial de que o vermelho substituiria o azul foi um choque, uma quebra de tradição que surgiu pelas mãos do dirigente Paulo Machado de Carvalho, antes da final da Copa de 1958.
Como a Suécia também usava camisa amarela, foi feito um sorteio e a seleção teria que vestir o uniforme reserva, mas qual? O chefe da delegação pediu para que fosse comprado em uma loja local um conjunto de camisetas azuis. Ao informar aos jogadores sobre a decisão, Paulo Machado de Carvalho deu um golpe psicológico: “Era isso que eu queria, jogar de azul, a cor do manto de Nossa Senhora Aparecida. Já ganhamos a Copa”. Na final diante dos donos da casa, o Brasil goleou o adversário por 5 a 2.
Lembrando que até o mundial de 1950, a camisa principal da seleção era na cor branca e foi por isso que a equipe usou o vermelho em três oportunidades, mas nada além de um mero improviso para se diferenciar dos adversários:
Jogos em que a seleção vestiu camisa vermelha
– Argentina 4×2 Brasil – Sul-Americano de 1917
– Brasil 5×0 Chile – Sul-Americano de 1917
– Brasil 3×2 Peru – Sul-Americano de 1936/1937
Nunca é demais destacar que o uniforme amarelo foi instituído a partir de um concurso, em 1953. Em meio a toda essa polêmica de que a seleção poderá utilizar o vermelho no ano da Copa de 2026, a CBF já avisou que a equipe vai de amarelo e azul no mundial. A entidade não fez, até agora, nenhuma citação sobre o uniforme alternativo. Que assim seja em favor da tradição e pela memória de Paulo Machado de Carvalho, o “Marechal da Vitória”.
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