Rússia teme ter a economia afetada por eventual resposta da China às tarifas de Trump

A Rússia manifestou preocupação com os possíveis efeitos econômicos de uma desvalorização do yuan, diante da escalada da guerra comercial entre EUA e China. Autoridades de Moscou alertam que a medida poderia prejudicar gravemente a indústria local ao tornar os produtos chineses ainda mais competitivos no mercado russo. As informações são da revista Newsweek.

A tensão aumentou após o presidente norte-americano Donald Trump anunciar, no início do mês, a imposição de tarifas de 245% sobre determinados produtos chineses, alegando “retaliações” por parte de Beijing. Em resposta, a China elevou as tarifas sobre importações dos Estados Unidos para 125% e classificou a atitude do EUA como “uma piada”.

Kirill Tremasov, conselheiro da presidente do Banco Central da Rússia, Elvira Nabiullina, explicou que, se a China decidir deliberadamente desvalorizar sua moeda, o mercado russo poderá ser invadido por produtos mais baratos.

Notas de yuan e dólar, novembro de 2019 (Foto: Eric Prouzet/Unsplash)

“Se as partes [EUA e China] forem longe demais nessa confrontação, o resultado pode ser o enfraquecimento da moeda chinesa”, afirmou. “Isso, por sua vez, aumenta a competitividade dos bens chineses em outros mercados, inclusive no nosso.”

Tremasov acrescentou que já existe hoje “uma parcela significativa de importações vindas da China“. A situação pode acabar gerando problemas para os fabricantes russos, caso haja um “fluxo maciço de mercadorias chinesas” no país.

Apesar da apreensão quanto ao mercado interno, Tremasov apontou que as exportações russas para a China, compostas principalmente por matérias-primas, são “pouco sensíveis” às variações cambiais.

“Portanto, o impacto sobre as exportações será insignificante”, afirmou. No entanto, ele advertiu que a prolongação do conflito comercial poderia desacelerar a economia global, reduzir a demanda por matérias-primas e pressionar o rublo, criando “certos riscos inflacionários”.

Embora rumores sobre uma possível desvalorização de até 30% do yuan circulem nos mercados, economistas avaliam que o cenário é improvável. “A probabilidade de uma desvalorização real é bastante pequena. A China não quer aumentar a instabilidade agora. Acho que isso é exagerado”, disse Allan von Mehren, analista-chefe do Danske Bank, em entrevista publicada pela rede Bloomberg em 10 de abril.

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