Bandidos prometem empregos e cirurgias para aplicar golpe da biometria facial

A biometria facial, criada para dar mais segurança ao mundo digital, está sendo usada em golpes no Brasil inteiro. Estelionatários inventam desculpas como uma promessa de emprego ou uma ajuda para agilizar uma cirurgia para supostamente tirar fotos das vítimas. No entanto, eles querem desbloquear empréstimos e financiamentos.

“O rosto hoje é a senha. Ela é a porta de entrada. Ela é a chave para abrir a sua conta bancária, para abrir diversas aplicações que você tem por aí”, disse, ao programa Fantástico, da TV Globo, o especialista em segurança online Álvaro Massad Martins.

Em São Bernardo do Campo, na Grande São Paulo, por exemplo, duas falsas agentes de saúde falaram para uma vítima que tinha agendado uma operação pelo SUS (Sistema Único de Saúde) que elas estavam fazendo uma visita na casa dela para antecipar a cirurgia.

Elas, então, fingiram que estavam tirando uma foto dela, no entanto, elas estavam fazendo o reconhecimento facial. Com a biometria e os dados coletados da vítima, elas contrataram empréstimos consignados sem a idosa perceber.

A Polícia Civil conseguiu identificar e prender as duas golpistas: Joyce Melo dos Santos e Denise Silveira Pinheiro. Na casa da Denise, os policiais encontraram um jaleco. Ela e Joyce foram reconhecidas por três vítimas. O programa não conseguiu contato com a defesa das mulheres.

Por meio de nota, a prefeitura fez um alerta dizendo que “os agentes comunitários de saúde não realizam filmagens ou fotografias do rosto dos pacientes, nem solicitam impressões digitais durante as visitas, tampouco a coleta de qualquer dado biométrico”.

Em Florianópolis, o golpe aconteceu de outra forma: com uma falsa proposta de emprego. As vítimas achavam que estavam sendo fotografadas para o cadastro da empresa. No entanto, elas estavam assinando documentos eletronicamente.

Um homem achou que tinha conseguido um trabalho como motorista. No entanto, com a biometria e os dados coletados durante a entrevista, os golpistas financiaram um carro em nome da vítima no valor de quase R$ 69 mil.

Ele conseguiu entrar em contato com o banco a tempo de suspender o financiamento. No entanto, os criminosos ainda não foram identificados.

No Paraná, uma situação semelhante aconteceu. Francielle Kretchemer recebeu uma proposta de emprego de uma suposta empresa de recursos humanos. Durante a entrevista, o golpista pediu para tirar uma foto dela. No dia seguinte ela descobriu que os golpistas financiaram um carro em nome dela no valor de R$ 170 mil.

Rafael Bueno Carneiro e Mateus Ramos de Carvalho foram presos em flagrante enquanto aplicavam o mesmo golpe em outra vítima. O advogado de Mateus e Rafael disse, em nota, que “nenhum valor eventual decorrente de atividades ilícitas foi auferido por eles” e “tampouco exerceram qualquer controle ou influência sobre as operações fraudulentas”.

A polícia também indiciou os donos de duas revendedoras de carros que foram usadas para receber as transferências bancárias dos financiamentos.

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