Uma milícia atuante na fronteira entre Mianmar e Tailândia foi alvo de sanções do governo dos EUA na segunda-feira (5). Acusada de facilitar golpes cibernéticos em larga escala, a Karen National Army (KNA) e seu comandante, Saw Chit Thu, foram incluídos na lista de organizações e indivíduos proibidos de manter bens ou realizar transações com cidadãos norte-americanos, segundo a rede Radio Free Asia (RFA).
Segundo o Departamento do Tesouro dos EUA, os golpes digitais operados a partir da região controlada pela KNA causaram prejuízos superiores a US$ 2 bilhões (R$ 11,4 bilhões) em 2022 e saltaram para US$ 3,5 bilhões (R$ 19,9 bilhões) no ano seguinte. A organização foi classificada como “significativa organização criminosa transnacional”, com atuação ligada a redes de tráfico de pessoas, extorsão e fraudes financeiras.

“O Tesouro está comprometido a usar todas as ferramentas disponíveis para desarticular essas redes e responsabilizar aqueles que lucram com esses esquemas criminosos”, afirmou o vice-secretário do Tesouro, Michael Faulkender.
A milícia, anteriormente conhecida como Guarda de Fronteira Karen, rompeu com um grupo insurgente da etnia karen nos anos 1990 e passou a colaborar com os militares birmaneses a partir de 2009. De seu quartel-general em Shwe Kokko, às margens do rio Moei, a organização cede terrenos, fornece segurança e presta suporte logístico para quadrilhas que instalam centros de golpe em hotéis e cassinos adaptados.
Esses locais operam como call centers forçados, onde vítimas de tráfico — muitas vezes levadas com falsas promessas de emprego — são coagidas a enganar pessoas online. Há registros de violência física e ameaças como método de controle. O Tesouro descreveu Saw como “um facilitador-chave das operações de fraude na região”, enquanto seus filhos são apontados como oficiais com papéis importantes no esquema.
O grupo teria mantido relações com o Exército de Mianmar até pelo menos setembro de 2024, mesmo após mudar de nome em março do mesmo ano.
O post EUA sancionam milícia de Mianmar por facilitar fraudes digitais bilionárias apareceu primeiro em A Referência.