Durante participação no programa ‘Mais Você’, nesta quinta-feira, 8, o padre Fábio de Melo emocionou o público ao falar sobre sua luta contra a depressão, agravada pela perda da mãe em 2021, durante a pandemia. “A morte da minha mãe é um acontecimento que nunca vai terminar”, disse ele, com lágrimas nos olhos. “Ela era uma mulher que amava viver. A forma como foi me marca profundamente.”
Segundo o padre, o ritmo acelerado da vida dificulta o processo de cura emocional. “Acho que a gente não tem tempo para o luto, não tem tempo para o fim de um relacionamento, não tem tempo porque nós nos condicionamos a uma pressa para a qual nossa alma não está preparada.”
De acordo com a terapeuta Daniely Britto, o relato do padre revela uma dor muito comum, mas frequentemente silenciada. “Vivemos em uma cultura que exige que a gente esteja bem o tempo todo. Existe uma cobrança social para seguir em frente rapidamente, mesmo quando estamos despedaçados por dentro. Só que o luto não respeita essa lógica — ele exige pausa, recolhimento e tempo”, diz a reportagem da IstoÉ Gente.
Ainda segundo Daniely, a fala do padre, ao afirmar que a morte da mãe “nunca vai terminar”, reflete uma verdade profunda sobre a experiência do luto. No entanto, ela destaca que esse sentimento também pode ser ressignificado. “A dor da perda não tem um prazo de validade, e, quando alguém muito significativo morre, o vínculo continua existindo. O que muda é a forma de presença — ela deixa de ser física e material, mas permanece o amor, o emocional. A conexão através do amor, por exemplo, é algo que não se rompe com a morte.”
Ao compreendermos que a experiência material é passageira, conseguimos integrar melhor essa ausência física. O amor, que é o laço mais profundo, continua vivo e presente. Esse processo de adaptação exige tempo, sensibilidade e, muitas vezes, apoio profissional.
Para a terapeuta, viver o luto é um ato de coragem em um mundo que constantemente nos empurra para a pressa. “Temos medo da dor e, por isso, tentamos nos distrair ou fingir que está tudo bem. Mas é justamente ao evitar o sofrimento que ele se acumula e adoece. Sentir, chorar, pedir ajuda e respeitar os próprios limites são formas de cuidado e de amor-próprio.”