VATICANO, 9 MAI (ANSA) – Por Fausto Gasparroni – Com uma expressão serena e levemente emocionada, a voz afável de um pastor experiente, mas com ideias claras sobre seu programa de pontificado, tendo a paz como prioridade absoluta, Robert Francis Prevost apresentou-se ao mundo como papa Leão XIV.
A escolha do nome homenageia Leão XIII, autor da “Rerum Novarum”, documento fundador da Doutrina Social da Igreja, e revela muito sobre o novo pontífice. Com 69 anos, este filho de Chicago é o primeiro nascido nos Estados Unidos a assumir o papado, rompendo uma resistência histórica da Igreja em confiar sua liderança a um prelado da superpotência americana. Os tempos, evidentemente, mudaram.
Prevost traz consigo um perfil marcado pela sensibilidade social e pela proximidade com os pobres e necessitados, fruto de seus muitos anos como missionário no Peru, onde foi bispo de Chiclayo. Mais tarde, nomeado por Francisco para liderar o Dicastério para os Bispos e a Pontifícia Comissão para a América Latina, consolidou uma postura fraterna e responsável, experiências que reforçam a linha de continuidade com o argentino que o precedeu.
Embora estivesse entre os “papáveis”, o agostiniano não era cotado como favorito até as vésperas do conclave. Seu nome, porém, ganhou força nos últimos dias, resultando numa eleição relativamente rápida e superando nomes como os dos italianos Pietro Parolin, Pierbattista Pizzaballa e Matteo Zuppi.
A escolha de Prevost representa uma solução de compromisso entre as diferentes correntes da Igreja: ele é progressista em temas como migração, crise climática e defesa dos pobres, mas conservador em questões de direitos civis. Seu programa de governo já estava claro no discurso de saudação da Loggia da Basílica de São Pedro, lido em grande parte em italiano, com um trecho em espanhol. Num mundo marcado por guerras e divisões, Leão XIV destacou a urgência da paz – uma “paz desarmada”, como definiu, “humilde e perseverante”.
Fez questão de lembrar a última bênção de Francisco, dada no domingo de Páscoa, um dia antes da morte do argentino, e conclamou os fiéis a “construir pontes” através do diálogo e do encontro, reforçando a ideia de uma “Igreja unida, missionária e sinodal”, sinal de que o caminho aberto por Bergoglio não será interrompido, ainda que com um estilo possivelmente mais contido e menos midiático.
Ao final, não deixou de agradecer ao predecessor, indicando que, mesmo com nuances próprias, seu pontificado será de continuidade. (ANSA).