VATICANO, 10 MAI (ANSA) – O cardeal Timothy Dolan, arcebispo de Nova York, contou detalhes dos bastidores da escolha do então cardeal Robert Francis Prevost como papa Leão XIV.
Os fatos foram relatados na noite da última sexta-feira (9) em entrevista ao jornalista da CNN Erin Burnett, que recapitulou as conversas diárias com Dolan desde a sede vacante, após a morte do papa Francisco.
“No começo, estávamos aqui e dissemos: será Parolin, será Tagle, mas nunca falamos sobre um papa americano porque ninguém levou essa possibilidade a sério. Em que momento você percebeu que isso aconteceria?”, questionou o repórter.
“Não me surpreende o que o senhor diz, porque eu tentei mesmo assim”, respondeu o cardeal Dolan, enfatizando que “obviamente sabia algo sobre Prevost, mas o considerava um dos periféricos”.
“Eu estava aberto a todos, sabe, existe o axioma: quem entra como Papa sai como cardeal. Até quarta-feira (30 de abril), nas Congregações Gerais, após o funeral do papa [Francisco], quando cheguei, imediatamente as pessoas começaram a me perguntar: ‘Eminência, o senhor conhece esse Roberto?’ E eu disse: Desculpe, gostaria de ajudar”, lembrou o religioso.
Dolan destacou que “o pensamento natural das pessoas era que, como ele nasceu nos Estados Unidos, então devemos nos conhecer”.
No entanto, ele relatou que percebeu que o que sabia sobre ele era muito bom, mas muito pouco, que não o conhecia bem, e esse pensamento continuou por dois ou três dias até que falou para si mesmo: “Dolan, você precisa conhecer essa pessoa”.
“Fui a vários cardeais e muitos vieram comigo, queríamos nos conhecer melhor, adivinhar os pensamentos um do outro, e assim comecei a conhecê-lo e cada dia mais”.
Dolan, tido por muitos como o representante de Donald Trump no colégio cardinalício, é considerado a figura central da escolha de Prevost para ocupar o trono de Pedro. O cardeal, que já havia sido decisivo na eleição de Jorge Bergoglio no conclave anterior – embora depois tenha se desiludido com Francisco -, assumiu desta vez o papel de articulador entre as facções divergentes da Igreja americana.
Ele conseguiu alinhar cardeais anti-Trump como Robert McElroy e Wilton Gregory com conservadores como Daniel DiNardo, criando um bloco coeso nos EUA, verdadeiro centro das negociações.
Segundo Dolan, o perfil do novo pontífice teria crescido em poucos dias durante as Congregações Gerais: norte-americano com experiência missionária no Peru, sólido na doutrina, conhecedor da Cúria por ter sido prefeito do Dicastério para os Bispos e poliglota fluente em italiano, inglês e espanhol. (ANSA).