O embaixador do Brasil junto à Santa Sé, Everton Vieira Vargas, não se surpreendeu com a escolha de Robert Prevost para ser o novo papa. Na semana passada, em conversa com o PlatôBR, o diplomata já apontava o cardeal com um perfil “preparadíssimo” e muito adequado para suceder Francisco. Agora, a aposta do embaixador é de que a relação do Brasil com o Vaticano será bastante estreita sob a pontificado de Leão XIV. Para o representante do Itamaraty, a convergência das pautas permanece centrada na busca da paz e no combate à miséria no mundo.
“Eu achava que ele poderia ser eleito porque ele tem um currículo invejável e, além do mais, é um sujeito aberto, um homem que boa visão do mundo, que sabe quais são os problemas do mundo e vivenciou os problemas de miséria, de pobreza”, disse. “Não é um homem que ficou encerrado em gabinete e isso a igreja de hoje valoriza muito. É a chamada experiência pastoral”, comemorou.
Entronização
Vargas trabalha na construção dessa agenda do governo brasileiro com o Vaticano. Na próxima semana, o embaixador participará de uma reunião com o novo papa. O dia ainda não está marcado, mas Leão XIV já mandou incluir no calendário o encontro com chefes de missão diplomática no Vaticano. No domingo, dia 18 de maio, haverá a missão de entronização a ser celebrada pelo novo pontífice. “Nós temos a expectativa de que venha o presidente Lula”, informou o diplomata.
Para a missa de entronização, serão convidados chefes de Estado de todo mundo e, por isso, não deverá ser dessa vez que Lula terá uma bilateral com o papa Leão XIV. No entanto, o Itamaraty já planeja uma reunião entre o brasileiro e o novo papa.
Para Vargas, o ponto central da relação Brasil e Vaticano será a questão da aliança global para o combate à fome e à pobreza, lançada como marca do governo brasileiro na ocasião do G20, no Rio de Janeiro, no ano passado.
“Não vai ter mudança na relação do Brasil com o Vaticano. O novo papa conhece o Brasil, já esteve no país. As relações continuarão intensas e reforçadas porque há, a contar com os primeiros discursos que ele fez, uma indicação de que teremos essa convergência que se verificou durante o pontificado do papa Francisco. A aliança global contra a fome será a tônica dessa relação porque o mundo tem hoje a necessidade de superar essas profundas divisões, causadas pela desigualdade econômica e social. E é exatamente nessa desigualdade que residem as maiores ameaças à paz”, disse o embaixador.
“No discurso que ele fez na Praça de São Pedro, ele citou a palavra paz 11 vezes. Só isso já dá um exemplo da importância desse tema para ele e para o pontificado dele”, enfatizou.