Colegas de Bolsonaro traçam nova estratégia para reduzir punições por trama golpista

Os deputados Alberto Fraga (PL-DF) e Sargento Gonçalves (PL-RN) apresentaram um projeto na Câmara para revogar os artigos 359-L e 359-M do Código de Processo Penal, que tipificam os crimes de abolição violenta do Estado Democrático de Direito deposição de governo legitimamente constituído por violência ou grave ameaça.

As punições previstas para os delitos são, respectivamente, de 4 a 8 anos e de 4 a 12 anos de reclusão.

+Como fica a divisão de poder no Congresso após fusões e federações de partidos

Eles integram o conjunto de acusações pelas quais Jair Bolsonaro (PL) e 20 aliados se tornaram réus no STF (Supremo Tribunal Federal) por um plano para impedir a posse de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e manter o ex-presidente no poder. Na soma dos crimes, o grupo pode ser condenado a mais de 43 anos de prisão.

O objetivo declarado do projeto de lei é “assegurar a observância dos princípios constitucionais da liberdade de expressão, do direito de reunião e da segurança jurídica“.

Em publicação nas redes sociais, Gonçalves disse que esses artigos têm sido interpretados para “perseguir manifestações políticas legítimas” e o Brasil “já possui uma legislação robusta para punir crimes reais contra a democracia, como associação criminosa, violência política e interrupção de processo eleitoral”.

 

Ver essa foto no Instagram

 

Uma publicação compartilhada por SARGENTO GONÇALVES (LAGARTÃO 🦎) (@sargentogoncalves22)

Estratégia de reação

Após a abertura dos processos pela trama golpista, aliados de Bolsonaro no Congresso passaram a articular formas de livrar colegas de punições ou reduzi-las por meio de ferramentas legislativas e reações ao Judiciário. Na avaliação dos bolsonaristas, o Supremo excede os próprios poderes e interfere no Legislativo para aplicar punições.

Em 7 de maio, a Câmara aprovou um projeto para interromper processos contra o deputado Alexandre Ramagem (PL-RJ, denunciado pela trama) por atos cometidos durante o mandato, iniciado em 1º de janeiro de 2023, em respeito à imunidade parlamentar. Avalizada pelo STF, a suspensão retirou dois crimes da cartela de acusações contra o ex-diretor da Abin (Agência Brasileira de Inteligência), mas não o isentou completamente.

No campo da Justiça Eleitoral, deputados trabalharam para alterar a Lei da Ficha Limpa e reduzir para dois anos a pena de inelegibilidade aplicada a crimes eleitorais, o que permitiria uma candidatura de Bolsonaro já em 2026. Em entrevista à IstoÉ na época da proposta, o jurista Marlon Reis, idealizador da Ficha Limpa, disse que a mudança extinguiria punições efetivas. O texto ainda não foi a votação em plenário.

Adicionar aos favoritos o Link permanente.