Seis búlgaros são condenados por espionagem em favor da Rússia no Reino Unido

Seis cidadãos búlgaros foram condenados pela Justiça britânica na segunda-feira (12) por participação em uma rede de espionagem a serviço da Rússia. O caso, descrito como um esquema de vigilância “quase em escala industrial”, envolvia a coleta de informações sobre jornalistas, dissidentes e militares ucranianos em treinamento, segundo a rede Deutsche Welle (DW).

O juiz Nicholas Hilliard, responsável pela sentença, destacou a gravidade das ações lideradas por Orlin Roussev, de 47 anos, considerado o chefe da operação. Ele foi condenado a dez anos e oito meses de prisão, com as demais penas variando de pouco mais de cinco anos a quase 12 anos. Segundo o juiz, as atividades do grupo representaram uma “ameaça séria à segurança nacional” do Reino Unido.

Roussev havia se declarado culpado antes do julgamento, admitindo o envolvimento em uma conspiração para espionar em favor da Rússia. De acordo com a investigação, ele mantinha milhares de mensagens trocadas com Jan Marsalek — ex-executivo da Wirecard e atualmente foragido — que coordenava a célula de espionagem a partir do exterior.

Espiões a serviço da Rússia infestam a Europa (Foto: Craig Whitehead/Unsplash)

As atividades do grupo não se restringiram ao território britânico. Na Alemanha, os espiões planejaram interceptar sinais de celulares na base militar americana de Patch Barracks, localizada nos arredores de Stuttgart. O local abriga soldados ucranianos que recebem treinamento para operar sistemas de defesa aérea Patriot.

Combate à espionagem russa

As atividades de espionagem russas na Europa sofreram um duro golpe nos últimos anos. Episódios como o envenenamento do ex-agente russo Sergei Skripal, no Reino Unido, levaram as nações do continente a fecharem o cerco contra Moscou, repressão que aumentou ainda mais com a guerra na Ucrânia.

Nos últimos anos, centenas de diplomatas russos foram expulsos de países europeus sob a acusação de que vinham atuando como espiões disfarçados. Ken McCallum, diretor do MI5, o serviço de inteligência doméstica britânica, calculou em novembro de 2022 que mais de 600 russos foram obrigados a deixar países europeus nessas condições.

“Isso foi o golpe estratégico mais significativo contra os serviços de inteligência russos na história recente da Europa”, disse McCallum na ocasião. “E, junto com ondas coordenadas de sanções, a escalada pegou (o presidente russo Vladimir) Putin de surpresa.”

Somente no Reino Unido, mais de cem pedidos de vistos diplomáticos feitos por Moscou foram rejeitados desde 2018, quando Skripal e a filha dele, Yulia, foram envenenados em Salisbury, sul da Inglaterra. A inteligência russa foi acusada de coordenar a ação, embora Moscou até hoje negue envolvimento.

A tentativa de assassinato contra o homem comprometeu as relações diplomáticas entre os governos britânico e russo e levou à primeira onda de expulsões de diplomatas suspeitos de atuarem como espiões. De lá para cá, diversos países europeus também detectaram membros do corpo diplomático russo que exerciam atividades incompatíveis com suas funções e igualmente os forçaram a ir embora.

Outro país que iniciou uma dura campanha de combate à espionagem russa foi a Alemanha, que em 2022 registrou um aumento considerável das atividades de inteligência de Moscou. Nesse sentido, relatório divulgado pelo Escritório Federal para a Proteção da Constituição (BfV, na sigla em alemão), o serviço de inteligência doméstico, destaca as campanhas de desinformação como principal arma russa em solo alemão, embora atos de sabotagem também estejam em alta.

A Alemanha é o país com maiores população e economia dentro da União Europeia (UE), o que a torna forte influenciadora no bloco e ajuda a explicar o interesse de Moscou pelo país. De acordo com Thomas Haldenwang, que chefia o BfV, há um “grande número de agentes” russos na Alemanha, quase sempre próximos a pessoas poderosas.

Nos últimos anos, para conter o problema, o governo alemão também expulsou dezenas de supostos diplomata russos acusados de atuarem como espiões disfarçados. No final de maio de 2023, Berlim ainda anunciou que quatro dos cinco consulados da Rússia no país teriam suas licenças revogadas, sendo, portanto, fechados.

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