A morte de Thiago da Silva Folly, conhecido como “TH da Maré”, encerra uma trajetória marcada pela violência e por uma longa fuga da Justiça.
O traficante é apontado como uma das principais lideranças do Terceiro Comando Puro (TCP) no Complexo da Maré, no Rio de Janeiro, e foi morto em uma operação do Bope nesta terça-feira (13).
Considerado um dos criminosos mais perigosos do estado, TH da Maré acumulava 227 anotações criminais e tinha 17 mandados de prisão em aberto. Ele estava foragido da Justiça desde 2016.
As investigações sobre seu paradeiro se intensificaram em junho de 2024, após a morte de dois policiais do Batalhão de Operações Especiais (Bope) durante uma operação na Vila do João.
Longa ficha criminal
Segundo a polícia, TH da Maré exercia comando direto sobre o tráfico de drogas, assaltos, ações armadas, roubos de veículos e homicídios na região da Maré. Ele era considerado um dos maiores especialistas em roubos de carga e de veículo.
A ficha criminal de “TH da Maré” inclui envolvimento direto em uma série de homicídios. Entre os crimes atribuídos a ele estão:
- O assassinato do cabo do Exército Michel Augusto Mikami, de 21 anos, morto com um tiro na cabeça em novembro de 2014, durante a atuação da Força de Pacificação na Maré.
- A morte do soldado da Força Nacional de Segurança Helio Messias Andrade em agosto de 2016, após ser baleado na cabeça durante uma emboscada na comunidade da Vila do João. A equipe de Andrade entrou por engano na localidade. As investigações apontaram que a ordem para atirar em qualquer veículo suspeito partiu de TH.
- Tentativas de homicídio de policiais civis em 2017, quando traficantes sob seu comando atiraram contra agentes do Bope desembarcando de um blindado na Vila dos Pinheiros.
- Participação na morte de dois agentes do Bope em julho do ano passado (junho do ano passado).
- Responsabilidade por ataques a civis que entraram por engano em áreas dominadas pela facção, citando os casos da passageira Maria Lucila Barbosa de Araújo (baleada em 2016) e do engenheiro Gil Augusto Barbosa (morto no mesmo ano).
- A Polícia investiga se ele foi o responsável por ordenar o arrastão na Linha Amarela, na altura de Bonsucesso, que resultou na tentativa de assalto ao carro do goleiro Rossi, do Flamengo, na última quinta-feira (8). As autoridades afirmam que não há indícios de que TH tenha mandado atacar especificamente o veículo do jogador, mas sim que ele comandava os arrastões naquela região para roubo de carros e cargas. Ele costumava quase que diariamente fechar a via.
Fim de linha
A morte de TH da Maré ocorreu durante uma operação do Bope e da Subsecretaria de Inteligência da PM. A ação foi desencadeada nas primeiras horas da terça-feira (13) na comunidade do Timbau, no Complexo da Maré.
O traficante foi localizado em uma casa tomada de moradores ou em uma espécie de “bunker”, protegido por seguranças armados. Segundo investigadores, ele costumava usar casas de moradores para se esconder. Ele vinha sendo monitorado em tempo real pelas forças de segurança.
Golpe no crime organizado
Segundo a Polícia Militar, a morte de TH representa um golpe significativo no comando do TCP dentro do Complexo da Maré, um território composto por 16 comunidades, das quais 11 são controladas pela facção. A região é marcada por confrontos constantes entre facções rivais e grupos paramilitares.
Durante a entrevista coletiva sobre a operação, o secretário de Estado da Polícia Militar do Rio de Janeiro, coronel Marcelo Menezes, exibiu a extensa ficha criminal de TH da Maré e fez um apelo por mudanças na legislação penal e pelo “endurecimento das leis”.
Ele ressaltou a necessidade de reflexão e discussão sobre o cumprimento e encarceramento desses “narcoterroristas” que oprimem a população do Estado do Rio de Janeiro. A PM informou que seguirá com ações de repressão ao crime organizado na Maré, visando especialmente lideranças de alto escalão como TH.
Este conteúdo foi originalmente publicado em Líder do TCP: veja histórico criminal de “TH da Maré”, morto em operação no site CNN Brasil.