Portugal vai às urnas neste domingo com premiê de direita que renunciou como favorito nas pesquisas

Pela terceira vez em três anos, os portugueses vão às urnas neste domingo (18) para eleger o novo Parlamento. As eleições foram convocadas em março após o primeiro-ministro de centro-direita Luis Montenegro, que chegou ao poder no ano passado, ser forçado a renunciar após perder uma moção de confiança na Câmara, no qual os deputados socialistas, os do partido de extrema direita Chega e os da extrema esquerda votaram contra ele. Quando foi eleito em março do ano passado, Montenegro não tinha maioria absoluta e estava envolvido em uma controvérsia sobre um potencial conflito de interesses que afetava diretamente sua família.

Segundo dados de uma compilação de pesquisas da Rádio Renascença, a Aliança Democrática (AD), de Luis Montenegro, conta com 34% das intenções de votos, contra 26 para o Partido Socialista (PS), de Pedro Nuno Santos, um economista de 48 anos, e possível 19% para o Chega, partido de extrema direita que, caso alcance essa porcentagem de votos, seria um resultado levemente superior ao das legislativas de março de 2024. Se assim for, consolidará sua posição como a terceira maior força política do país.

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Ex-premiê é o favorito para assumir 

O ex-premiê, que também aparece à frente nas pesquisas, esteve envolvido em vários escândalos, o que levou a sua renúncia. O principal inclui uma empresa prestadora de serviços, de propriedade de sua esposa e filhos, que tem contratos com diversas empresas privadas, entre elas um grupo sujeito a concessões estatais. Desde que as revelações vieram à tona, o chefe de Governo, que já havia sobrevivido a duas moções de censura no passado, anunciou que a empresa familiar permaneceria exclusivamente nas mãos de seus filhos. Esta crise “aumenta a incerteza política em um momento em que os riscos externos cresceram significativamente”, afirma a agência de classificação financeira DBRS Morningstar, que prevê resultados semelhantes aos atuais, sem uma maioria absoluta no Parlamento.

Parcial do Parlamento de Portugal nas eleições de 2024 │Vincent LEFAI, Jean-Michel CORNU, Maria-Cecilia REZENDE / AFP

Parcial do Parlamento de Portugal nas eleições de 2024 │Vincent LEFAI, Jean-Michel CORNU, Maria-Cecilia REZENDE / AFP

Segundo a pesquisa, realizada pela Universidade Católica Portuguesa, a Aliança Democrática pode conquistar até 95 das 230 cadeiras da Câmara, bem abaixo das 116 para uma maioria absoluta de deputados, o que faria com que, mais uma vez, Montenegro se veja novamente liderando um governo minoritário, dividido entre os socialistas, que estiveram no poder de 2015 a 2024, e a extrema direita, com quem se recusa a governar. Apesar da incerteza, Montenegro pode ganhar apoio do partido Iniciativa Liberal, que tem 7% dos votos, o que lhe daria mais 13 cadeiras, segundo as projeções. “O que queremos é uma maioria mais importante”, disse ele na quinta-feira (15), acrescentando que está pronto para governar “seja qual for a amplitude da vitória”. O candidato socialista Pedro Nuno Santos, economista de 48 anos, voltou a acusar o primeiro-ministro em final de mandato de ter “provocado as eleições para não se explicar” sobre a sua empresa de consultoria a uma comissão parlamentar de inquérito.

Como foi a campanha eleitoral em Portugal?

A campanha eleitoral se encerrou na sexta-feira. O presidente do Chega, André Ventura, um ex-comentarista esportivo de 42 anos, foi forçado a abandonar a campanha na reta final, após desmaiar duas vezes na terça e quinta-feira em frente às câmaras de televisão. Já o governo de Montenegro reforçou sua política de imigração, que sob o governo dos socialistas havia sido uma das mais abertas da Europa. No começo do mês, o governo de Portugal anunciou a decisão de expulsar 18 mil imigrantes ilegais antes das próximas eleições nacionais.

Sob a liderança do ministro da Presidência, António Leitão Amaro, o plano inclui a emissão de notificações para que esses indivíduos deixem o território português. A medida visa reforçar a política de imigração do país. A ação foi condenada pela esquerda, que acusou o atual governo de tentar atrair os eleitores da extrema direita ao anunciar a expulsão de 18.000 imigrantes irregulares durante a campanha. Entre 2017 e 2024, o número de residentes estrangeiros em Portugal quadruplicou, atingindo 15% da população total.

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