Os comentaristas Caio Coppolla e José Eduardo Cardozo discutiram, nesta segunda-feira (19), em O Grande Debate (de segunda a sexta-feira, às 23h), se a primeira-dama Rosângela da Silva, a Janja, errou ao se manifestar sobre a rede social TikTok durante reunião da comitiva brasileira com o presidente chinês, Ji Xinping, na semana passada.
Janja foi acusada de “quebrar o protocolo” ao falar sobre os efeitos da plataforma no Brasil. Segundo relatos de pessoas presentes no encontro, a primeira-dama teria pedido a palavra para falar sobre os efeitos nocivos da rede social, destacando que o algoritmo da plataforma estaria favorecendo o avanço da extrema direita no Brasil.
Nesta segunda, em discurso durante a Abertura da Semana Nacional de Enfrentamento à Violência Sexual contra Crianças e Adolescentes, em Brasília, Janja afirmou que “não há protocolo” que a faça ficar calada.
“Não há protocolo que me faça calar se eu tiver uma oportunidade de falar sobre isso com qualquer pessoa que seja, do maior grau ao menor grau, do mais alto nível à qualquer cidadão comum”, disse a primeira-dama.
Sobre o assunto, Janja completou: “Eu quero dizer que a minha voz, vocês podem ter certeza de que vai ser usada para isso. E foi para isso que ela foi usada na semana passada quando eu me dirigi ao presidente Xi Jinping após a fala do meu marido sobre uma rede social. Então, eu quero dizer que eu, como mulher, não admito que alguém me dirija dizendo que eu tenho que ficar calada. Eu não me calarei quando for para proteger a vida das nossas crianças e dos nossos adolescentes”.
Para Copolla, os motivos alegados pela primeira-dama justificariam uma “quebra de protocolo” na situação.
“Se Janja da Silva falou em defesa dos vulneráveis, dos incapazes e dos menores de idade, ela fez bem em quebrar o protocolo, enfrentar a ditadura chinesa, e cobrar uma ação contra os males digitais que afligem a nossa juventude e que, potencialmente, são patrocinados pelo regime opressor chinês”, de acordo com Coppola.
Já na avaliação de Cardozo, a situação foi “absolutamente normal”, por não se tratar de uma cerimônia formal ou momento de negociação.
“Vamos ser sinceros: se é um jantar, as pessoas tem liberdade de se posicionar, de falar. Então, quando o presidente da República, Lula, faz a pergunta ao Xi Jinping sobre a questão que foi colocada, a primeira-dama intervém, complementando. Me parece uma situação absolutamente normal”, segundo Cardozo.
Este conteúdo foi originalmente publicado em O Grande Debate: Janja erra ou acerta ao ignorar protocolo no caso TikTok? no site CNN Brasil.