Pressionada pela China, África do Sul rebaixa o status diplomático de Taiwan

Em mais um sinal do avanço da influência da China em países do Sul Global, a África do Sul decidiu rebaixar o status do escritório de representação de Taiwan em seu território. A mudança, que retira o nome do representante taiwanês e reclassifica a missão como um simples “Escritório Comercial de Taipé”, foi feita sem consulta prévia, segundo o governo da ilha. As informações são da rede Radio Free Asia (RFA).

O Ministério das Relações Exteriores de Taiwan criticou a decisão e apontou que a mudança foi feita sob pressão direta de Beijing. “Solicitamos negociações com o governo sul-africano sobre esse assunto”, afirmou o chanceler Lin Chia-lung. Desde 1997, quando a África do Sul reconheceu oficialmente o governo chinês, o país manteve apenas laços informais com Taiwan, que incluem relações comerciais e a presença de escritórios representativos. Sob a influência chinesa, porém, o relacionamento tem se tornado cada vez mais superficial.

Bandeira de Taiwan em praça pública de Taipé, outubro de 2019 (Foto: Divulgação/Uming Photography)

As alterações não se limitaram ao nome da missão. O site oficial do governo sul-africano passou a listar o escritório de Taiwan em Johanesburgo, e não mais na capital administrativa, Pretória, onde ele continua operando. Além disso, o endereço de e-mail institucional, antes com domínio do governo taiwanês, foi substituído por um domínio comercial local. Em outubro do ano passado, o governo sul-africano já havia anunciado que faria uma “reformulação” da representação, transformando o escritório em uma entidade exclusivamente comercial.

Para especialistas, a medida se encaixa em uma campanha mais ampla da China para limitar a presença internacional de Taiwan. “Os escritórios representativos são o principal canal diplomático da ilha, mas a influência econômica e o poder militar da China impõem custos altos a países menores que se aproximam de Taipé”, avaliou a analista Anushka Saxena, do think tank Takshashila Institution, com sede na Índia.

A relação entre China e África do Sul se estreitou desde o estabelecimento formal dos laços bilaterais, em 1998. Hoje, Beijing é o principal parceiro comercial do país africano, uma aliança que também se fortaleceu no âmbito do BRICS e em fóruns multilaterais como o G20, que será sediado pelo governo sul-africano neste ano.

Pesquisadores alertam que a pressão chinesa pode levar a medidas ainda mais drásticas contra a representação taiwanesa. “É possível que, sob influência do Partido Comunista Chinês (PCC), o governo sul-africano adote uma postura ainda mais agressiva, até mesmo encerrando o escritório ou expulsando seus representantes”, disse Song Guocheng, do Centro de Pesquisas em Relações Internacionais da Universidade Nacional Chengchi.

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