O ex-ministro da Defesa Aldo Rebelo ironizou uma pergunta sobre a Marinha, nesta sexta-feira (23), durante um depoimento no Supremo Tribunal Federal (STF) no âmbito da investigação de uma tentativa de golpe de Estado em 2022.
Segundo Rebelo, a Marinha não daria golpe “desde Tordesilhas”, quando o país era uma faixa de terra muito próxima ao litoral.
“Marinha é muito limitada para qualquer grito de operação que está em debate nos dias de hoje”, disse Rebelo, quando questionado sobre a situação estrutural da Marinha e sua capacidade.
Rebelo depõe como testemunha de defesa de Almir Garnier, ex-comandante da Marinha. Em janeiro do ano passado, ele disse em entrevista que a tentativa de golpe era uma “fantasia” entoada por petistas para manter viva a polarização política.
Ainda no depoimento, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes ameaçou prender Rebelo.
Rebelo foi questionado sobre uma reunião em que Garnier teria colocado suas tropas à disposição do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), após a derrota na eleição de 2022.
“É preciso levar em conta que, na língua portuguesa, conhecemos aquilo que é força da expressão. Ela nunca pode ser tomada literalmente. Quando alguém diz: estou à disposição, isso não pode ser lido literalmente”, respondeu o ex-ministro.
Incomodado com a resposta, Moraes indagou se ele estava presente na reunião em que a declaração de Garnier teria ocorrido. A resposta de Aldo foi negativa.
“Então o senhor não tem condições de avaliar o teor da língua portuguesa naquele caso. Atenha-se aos fatos”, disse o ministro do STF, que é também o relator do caso na Primeira Turma.
“A minha apreciação da língua portuguesa é minha. Não vou admitir censura”, rebateu Aldo Rebelo.
Foi então que Moraes ameaçou prendê-lo por desacato.
“Se o senhor não se comportar, vou lhe prender por desacato. Responda minha pergunta. Sim, ou não?”, frisou.
O ex-ministro, no entanto, disse que não poderia responder com “sim” ou “não”.
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