Líbano em alerta por temor de resposta israelense após bombardeio nas Colinas de Golã

O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, prometeu nesta segunda-feira (29) uma resposta “severa” ao bombardeio que matou 12 jovens nas Colinas de Golã anexadas, apesar da multiplicação dos esforços diplomáticos para aliviar as tensões entre Israel e o grupo islamista libanês Hezbollah.

“Essas crianças são nossas crianças (…) O Estado de Israel não deixará e não pode deixar isso passar. Nossa resposta virá e será dura”, advertiu Netanyahu em Majdal Shams, a região de maioria drusa onde um foguete atingiu um campo de futebol no sábado.

Israel e Estados Unidos atribuíram o bombardeio ao Hezbollah, que reivindicou vários ataques contra posições militares israelenses no mesmo dia. O movimento nega seu envolvimento.

O Hezbollah, aliado do Irã e do movimento islamista palestino Hamas, que está em guerra com Israel na Faixa de Gaza, mantém um confronto de baixa intensidade com o Exército israelense desde o início do conflito no território palestino em 7 de outubro.

O grupo anunciou nesta segunda que lançou foguetes e mísseis contra posições militares ao norte de Israel, após a morte de dois de seus combatentes em um bombardeio israelense.

Em Majdal Shams, Netanyahu colocou um ramo de flores no campo de futebol onde os jovens estavam e se reuniu com um membro da comunidade drusa e com vários residentes nessa localidade de cerca de 11 mil habitantes.

Dezenas de pessoas protestaram contra a visita do premiê. “Em Golã só queremos paz. Que Netanyahu volte para sua casa! É por culpa dele que a guerra eclodiu”, disse Kamil Khater, um dos manifestantes.

Muitos moradores rejeitam a nacionalidade israelense, depois que Israel ocupou este território da Síria na guerra de 1967 e o anexou posteriormente.

– “Proteger o Líbano” –

Várias companhias aéreas suspenderam os voos para o Líbano nesta segunda-feira (29), e iniciativas diplomáticas se multiplicam para acalmar a tensão entre Israel e o movimento libanês Hezbollah, após o bombardeio que matou 12 jovens nas Colinas de Golã, anexadas pelos israelenses.

As autoridades do Reino Unido recomendaram aos cidadãos que abandonem o Líbano e não viajem ao país.

Estados Unidos e França, entre outros países, tentam conter o risco de escalada, afirmou no domingo o ministro libanês das Relações Exteriores, Abdallah Bou Habib.

O diplomata afirmou que há conversas em curso para tentar moderar a resposta de Israel.

“Recebemos garantias (…) de que Israel agirá de forma limitada”, disse o ministro, acrescentando que o Hezbollah também responderá de forma moderada.

A Casa Branca disse nesta segunda-feira que estava confiante de que um conflito mais amplo entre Israel e o Hezbollah poderia ser evitado.

“Ninguém quer uma guerra mais ampla, e estou confiante de que podemos evitá-la”, disse o porta-voz do Conselho de Segurança Nacional, John Kirby.

O presidente iraniano, Masoud Pezeshkian, alertou durante uma ligação telefônica com o presidente francês Emmanuel Macron que Israel cometeria um “erro com graves consequências se atacasse o Líbano”.

– Nove soldados israelenses presos –

O Hezbollah “evacuou algumas posições” no sul e no leste do Líbano, que temem ser alvos de Israel, disse uma fonte próxima ao movimento à AFP.

O movimento xiita, que exerce uma grande influência no Líbano, abriu uma frente contra Israel em apoio ao Hamas. Ambos os grupos são considerados organizações “terroristas” pelos Estados Unidos.

Desde oito de outubro, os confrontos entre Hezbollah e o Exército israelense deixaram pelo menos 529 mortos no Líbano, a maioria combatentes, segundo uma contagem da AFP que inclui 104 civis.

Do lado israelense, pelo menos 22 soldados e 24 civis foram mortos, segundo Israel.

Na Faixa de Gaza, o Exército israelense informou que bombardeou 35 alvos no território nas últimas 24 horas.

A guerra em Gaza começou quando milicianos islamistas mataram 1.197 pessoas, a maioria civis, e sequestraram 251 no sul de Israel, segundo contagem baseada em dados oficiais israelenses.

O Exército israelense estima que 111 pessoas permanecem em cativeiro em Gaza, incluindo 39 que estariam mortas.

Em resposta, Israel lançou uma ofensiva que já matou pelo menos 39.363 pessoas em Gaza, também em sua maioria civis, segundo o Ministério da Saúde do território palestino, governado pelo Hamas desde 2007.

O Exército israelense informou nesta segunda que nove soldados foram presos por acusações de abusos contra um detento em uma prisão conhecida por receber palestinos capturados em Gaza.

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