Retaliação de Israel ao Irã: quais serão as consequências?

Após o Irã se envolver diretamente na guerra do Oriente Médio, o agro acompanha agora uma possível retaliação de Israel aos iranianos. O professor de relações internacionais Samuel Feldberg revela que o maior risco está no transporte marítimo no Golfo Pérsico, com impactos no petróleo. Confira também os efeitos no setor de carnes e fertilizantes do Brasil com o presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal, Ricardo Santin, e com o analista da Agrinvest Commodities, Jeferson Souza.

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Mais países vão se envolver nesta guerra? Há uma solução de curto prazo ou ela vai virar uma guerra longa?
Samuel Feldberg: Não. Não há uma solução de curto prazo. Essa guerra já é longa no caso dos países do Oriente Médio, com exceção da guerra Irã e Iraque na década de 1980, uma das guerras mais longas no Oriente Médio certamente nos últimos anos. E o risco maior está justamente na interrupção do tráfego no Golfo Pérsico. Se houver um conflito direto com o Irã que não seja uma operação pontual de bombardeio de determinadas instalações iranianas, pode haver uma situação em que o Irã vá retaliar contra os países vizinhos e isso eventualmente gera uma situação de interrupção do tráfego no Golfo Pérsico e isso leva a uma interrupção do transporte de petróleo e dos seus derivados. Isso vai afetar as exportações do Irã, isso vai afetar exportações de outros países do Golfo Pérsico e isso vai afetar as exportações de países que necessitam do Golfo Pérsico para acesso dos portos daqueles países que lá estão localizados.

Quais são os riscos mais importantes que você quer destacar para a nossa audiência?
Ricardo Santin: Sim, infelizmente. O professor tem razão quando coloca que essa retaliação pode gerar uma escalada ainda maior. E aí a gente vê o problema, claro, a gente tem que olhar essa geografia de onde serão os ataques e que respingos eles terão nos outros países. Porque veja, a Ucrânia está em em guerra com a Rússia há mais de 1 ano e meio e está crescendo a sua exportação em 15% de grãos. Ou seja, onde está tendo a guerra. E aí a gente tem que olhar se ela ficar estrita como está agora lá no Líbano e assim por diante. Você tem uma situação que é que estamos vivendo e conseguindo contornar. Agora, como bem coloca o professor Samuel, se você tiver ataques diretos ao Irã com retaliações nos países vizinhos, isso sim começa a complicar bastante esse fluxo que antes nos referimos. As empresas achar alternativas, claro que também os países terão que buscar essas alternativas por terra. Mas tudo isso fica muito mais custoso, fica mais custoso, mais complicado e mais difícil de chegar. Atrasa os contêineres, os containers não voltam. Isso tudo é um processo difícil, mas está no radar.

Muitos produtores ainda têm negócios para fechar e querem saber se o custo pode ficar mais alto à medida que escala o conflito no Oriente Médio?
Jeferson Souza: Já está ficando, tá? Essa semana a gente teve um aumento no preço da ureia de US$ 10 a US$ 15 por tonelada e se continuar essa escalada ou piorar, a gente tem um risco muito grande envolvendo grandes fornecedores de ureia para o Brasil e para o mundo que estão no Oriente Médio, como é o caso do Irã. O Irã Hoje ele representa 10% das exportações globais e nós estimamos que o Irã participe aqui no Brasil com 20% do que nós importamos de ureia. O Brasil não produz absolutamente nada de ureia, então depende 100% das exportações. Qualquer tipo de tensão na região pode sim trazer já está trazendo um certo risco para o mercado brasileiro.

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