Zelensky diz que pode aceitar acordo com EUA e trocar terras por apoio contra Rússia

O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, se disse favorável a um acordo sugerido por Donald Trump, em que os ucranianos concederiam terras raras aos Estados Unidos em troca de apoio contra a Rússia.

“Se estamos falando de um acordo, façamos um acordo, somos a favor dele”, afirmou Zelensky nesta sexta-feira, 7, à agência de notícias Reuters. Na entrevista, o ucraniano mostrou aos jornalistas um mapa, que já foi secreto, contendo grandes depósitos de terras raras e minerais essenciais no país (veja a foto de capa).

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Ainda na campanha em que assegurou o retorno à Casa Branca, Trump prometeu dar um fim rápido à guerra entre Rússia e Ucrânia, que começou em fevereiro de 2022. Na segunda-feira, 3, o republicano condicionou o apoio financeiro a Zelensky — multiplicado no governo de Joe Biden, seu antecessor — a essa contrapartida.

No ano passado, a Ucrânia ventilou a ideia de abrir seus minerais críticos ao investimento de aliados, ao apresentar o “plano da vitória” que busca situar o país em posição mais forte nas negociações e forçaria a Rússia a sentar-se à mesa.  Zelensky afirmou que menos de 20% dos recursos minerais da Ucrânia — e metade de seus depósitos de terras raras — estão em terras ocupadas pelos russos.

As chances de dar certo

As tropas russas vêm ganhando terreno no leste da Ucrânia, investindo enormes recursos em uma ofensiva implacável. Enquanto isso, o Exército muito menor de Kiev luta contra a escassez de soldados e se preocupa com futuros suprimentos de armas vindos do exterior.

Zelenskiy desenrolou sobre uma do gabinete presidencial um mapa mostrando vários depósitos minerais, incluindo uma ampla faixa de terra no leste marcada como contendo terras raras. Cerca de metade parecia estar do lado da Rússia nas atuais linhas de frente.

Ele afirmou que a Ucrânia detém as maiores reservas de titânio da Europa, componente essencial para a indústria da aviação e espacial, e em urânio, utilizado para energia e armas nucleares. Muitos dos depósitos de titânio estavam marcados como presentes no noroeste da Ucrânia, região distante dos conflitos.

Zelensky ressaltou, contudo, que não estava propondo “doar” os recursos, mas oferecê-los em uma parceria mutuamente benéfica para desenvolvê-los em conjunto: “Os americanos ajudaram mais e, portanto, devem ganhar mais. Eles devem ter essa prioridade, e eles terão. Eu também gostaria de falar sobre isso com o presidente Trump”.

Zelenskiy também disse que Kiev e a Casa Branca estão discutindo a ideia de usar a vasta capacidade de armazenamento subterrâneo de gás da Ucrânia para armazenar gás natural liquefeito dos EUA. “Eu sei que o governo Trump está muito interessado nisso. Estamos prontos e dispostos a ter contratos para fornecimento de GNL para a Ucrânia. E, claro, seremos um hub para toda a Europa”, disse.

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