Única irmã viva do papa Francisco não o encontrou desde 2013

O papa Francisco, morto na segunda-feira, 21, aos 88 anos, tem uma única irmã viva, que mora na Argentina e não o viu desde que ele se tornou pontífice, há 12 anos. Em março de 2013, Francisco – ou Jorge Mario Bergoglio, para a família – foi para o Vaticano para participar do conclave que elegeria o sucessor de Bento 16 e nunca mais voltou para a Argentina. A irmã, doente, foi proibida pelos médicos de viajar até o Vaticano.

Maria Elena Bergoglio tem 76 anos e é a mais nova – e a única viva – dos quatro irmãos de Francisco. Depois dele, que era o mais velho, vinham Oscar (1938-1997), Marta Regina (1940-2007) e Alberto (1942-2010).

Em estado de saúde delicado há mais de uma década, Mariela, como é chamada, vive sob os cuidados de freiras em uma instituição católica de Buenos Aires. Divorciada e mãe de dois filhos – o arquiteto Jorge e o comerciante José – a irmã de Francisco falava com ele uma vez por semana, por telefone, e também trocavam cartas.

Mariela chegou a renovar o passaporte, na expectativa de viajar até o Vaticano, mas foi aconselhada pelos médicos a não enfrentar a longa viagem.

A distância tinha sido a razão pela qual, em 2013, Mariela torceu para que o irmão não fosse eleito papa. “Eu não queria que meu irmão partisse. Foi uma posição um pouquinho egoísta”, admitiu depois, em entrevista à rede de TV CNN. Até então, nenhum latino-americano havia sido eleito para a função.

Durante o conclave de 2005, Jorge Bergoglio recebera cerca de 40 votos numa das votações quando, diante do impasse (ninguém conseguia alcançar os dois terços de votos, necessários para se eleger), pediu que quem havia votado nele votasse no cardeal alemão Joseph Ratzinger, afinal escolhido papa, o Bento XVI.

Assim como o irmão, Mariela achava que em 2013 ele não seria eleito. Estava em casa lavando a louça quando ouviu na TV que o novo papa havia sido escolhido. Sentou em frente à TV: “Assim que ouvi ‘Jorge Mario’, congelei completamente. Nem cheguei a escutar o sobrenome nem o nome que ele havia escolhido como papa. Comecei a chorar, inconsolavelmente”, contou depois, em outra entrevista à imprensa argentina.

Logo após o anúncio, Mariela recebeu uma ligação do irmão. “Não sei como ele conseguiu se comunicar. Meu filho atendeu e disse ‘oi, tio’ e parece que o mundo caiu em cima de mim. Estávamos os dois muito emocionados. Ele contou que as coisas aconteceram assim e não havia nada mais que fazer a não ser aceitar. Ele parecia bem, não transmitia nenhuma preocupação, ao contrário, transmitia muita alegria”, contou a irmã à imprensa argentina, à época. “Disse a ele que queria abraçá-lo e ele me disse que já estávamos nos abraçando à distância, o que é algo que também sinto e que é real”, completou Mariela.

A distância não mudou o afeto entre os irmãos, construído apesar da diferença de idade. “Ele sempre foi um irmão muito companheiro, muito presente, apesar das distâncias e dos compromissos com a Igreja. Falamos uma vez por semana, trocamos cartas e nos organizamos para compartilhar algum almoço em família, nos quais, até pouco tempo atrás, ele mesmo cozinhava”, contou Mariela à revista argentina Hola, antes da morte do irmão. “Ele adora fazer suas lulas recheadas ou risotos de cogumelos, que aprendeu com uma receita herdada da nossa avó italiana.”

Adicionar aos favoritos o Link permanente.