Cardeal sancionado por Papa por abusos participa de pré-conclave

CIDADE DO VATICANO, 30 ABR (ANSA) – Um arcebispo aposentado, que, durante décadas, foi o principal clérigo católico do Peru e chegou a ser punido durante o pontificado do papa Francisco após ser acusado de abuso sexual, está participando das Congregações Gerais pré-conclave “como se nada tivesse acontecido”.   

Trata-se do cardeal Juan Luis Cipriani Thorne, de 81 anos – e, portanto, não eleitor e não autorizado a entrar na Capela Sistina -, que é membro do Opus Dei, uma comunidade religiosa católica com membros em cerca de 70 países, conhecida por suas visões tradicionalistas.   

O religioso foi afetado por uma punição de Francisco em 2019 por ter sido acusado no ano anterior de ter molestado sexualmente uma adolescente. Na ocasião, o diretor da Sala de Imprensa do Vaticano, Matteo Bruni, detalhou que Cipriani estava sujeito a restrições “relacionadas à sua atividade pública, local de residência e uso de insígnias”.   

Segundo o jornal católico American Crux, o cardeal também não poderia retornar ao Peru sem autorização, não poderia fazer declarações públicas e não poderia participar de um futuro conclave, se ainda tivesse idade.   

Cipriani sempre negou as acusações e continua vestido de cardeal e andando entre os religiosos que participam de congregações ou até mesmo de momentos de sufrágio pelo falecido pontífice.   

Embora a situação esteja causando consternação, especialmente na opinião pública latino-americana, a questão de sua exclusão dessas fases pré-conclave não parece ter sido discutida pela Igreja Católica Romana.   

Hoje, inclusive, no Salão Sinodal, não houve intervenções sobre o fato de Cipriani estar desobedecendo às sanções. E, pressionado pelas perguntas dos jornalistas, o porta-voz do Vaticano, Matteo Bruni, respondeu: “O caso é conhecido. Se nenhuma decisão foi tomada sobre esta questão, cada um deve tirar suas próprias conclusões.” (ANSA).   

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