O jornalista sueco Joakim Medin, preso no final de março após sua chegada à Turquia, foi condenado nesta quarta-feira (30) a 11 meses de prisão com pena suspensa por “insultar o presidente” turco, mas continuará detido por acusações de “pertencer a uma organização terrorista”.
O repórter do jornal sueco Dagens ETC compareceu por videoconferência diante de um tribunal em Ancara de sua cela na prisão de Silivri, a oeste de Istambul, conforme constatado por uma jornalista da AFP.
A Justiça turca o acusa de ter participado em janeiro de 2023 de uma manifestação do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK) em Estocolmo, durante a qual foi pendurado um boneco o presidente Recep Tayyip Erdogan de cabeça para baixo, algo que o jornalista nega desde o início.
Medin reafirmou nesta quarta-feira “não ter participado desse evento”. “Eu estava na Alemanha a trabalho. Nem sabia sobre essa manifestação”, declarou.
Durante a audiência, o tribunal exibiu fotos tiradas em outra reunião em agosto de 2023 em Estocolmo, quando a Turquia ainda bloqueava a entrada da Suécia na Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan).
“Nunca tive a intenção de insultar o presidente. Eu tinha a tarefa de escrever os artigos, e foram meus editores que escolheram as fotos”, defendeu o repórter, destacando que o chefe de Estado era “uma figura central” exibida nesses protestos.
Medin, de 40 anos, foi preso em 27 de março ao chegar a Istambul, onde iria cobrir as manifestações após a prisão, em 19 de março, do prefeito de Istambul, Ekrem Imamoglu, principal rival do presidente.
O jornalista também é acusado de “pertencer a uma organização terrorista”, crime que poderia lhe render até nove anos de prisão e será julgado posteriormente, em data a ser definida.
Essa acusação baseia-se em publicações nas redes sociais, artigos da imprensa e livros escritos “unicamente no âmbito de seu trabalho jornalístico”, explicou Baris Altintas, codiretora da ONG turca de direitos humanos MLSA, que o representa.
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