Veja quem são os observadores da eleição presidencial na Venezuela

As eleições na Venezuela são realizadas neste domingo (27) com uma presença limitada de observadores eleitorais, após a retirada do convite à missão da União Europeia e o cancelamento da viagem de alguns representantes de governos da região.

Já estão no país as missões das Nações Unidas e do Centro Carter, que chegaram há algumas semanas e têm partilhado atividades com o Conselho Nacional Eleitoral (CNE).

Porém, nos dias que antecederam as eleições, era esperada a chegada de representantes do Governo do Brasil e da Colômbia, bem como a chegada do ex-presidente da Argentina Alberto Fernández.

“A presença de observadores tem a ver com um conceito muito importante em eleições competitivas, que são eleições com integridade. Para determinar se um processo eleitoral está completo, ele deve ser observado por diferentes atores”, disse à CNN Leandro Querido, professor da Universidad del Desarrollo (Chile) e fundador da organização civil Transparência Eleitoral, que monitora eleições e assessora organizações eleitorais.

Abaixo, uma análise das organizações que participam do processo eleitoral e daquelas que não estarão presentes.

Painel de especialistas da ONU

As Nações Unidas informaram que o Painel de Peritos Eleitorais, composto por quatro membros, chegou à Venezuela na terça-feira, 9, a convite do Conselho Nacional Eleitoral, de acordo com o Acordo de Barbados de 17 de outubro de 2023.

Conforme indicado, permanecerão no país “até alguns dias após as eleições” e os seus membros “gozarão de plena liberdade para se reunirem com atores políticos e sociais”. No entanto, esclareceram que esta não é uma missão de observação, já que o painel não emite declarações públicas avaliando o desenrolar geral de um processo eleitoral ou os seus resultados.

Centro Carter

A organização de promoção da democracia fundada pelo ex-presidente dos Estados Unidos Jimmy Carter aceitou o convite da CNE para enviar uma missão de observação à Venezuela, que chegou ao país no final de junho.

A instituição sublinhou que, devido à dimensão e âmbito limitados da missão, “não realizará uma avaliação abrangente dos processos de votação, contagem e apuramento”, mas sim a avaliação será baseada no quadro jurídico nacional e regional sobre padrões internacionais de direitos humanos.

O cientista político Querido comentou o seguinte: “São delegações em número limitado, não estão em condições de fazer uma observação eleitoral abrangente e não creio que a sua incidência seja muito elevada. É sempre melhor que eles estejam lá do que não estejam.”

OPEIR e CEELA

Em abril, a CNE assinou acordos de supervisão internacional com duas entidades: o Observatório Parlamentar Eleitoral para a Integração Regional (OPEIR) e o Conselho de Peritos Eleitorais da América Latina (CEELA).

Nessa cerimônia, o presidente da OPEIR, o argentino Carlos López, disse que os processos eleitorais na Venezuela se distinguem “pela forma transparente como são realizados” e acrescentou que o sistema eleitoral é reconhecido no mundo “como um dos mais firmes , seguros e transparentes.”

Por sua vez, o equatoriano Nicanor Moscoso, titular do CEELA, disse que os resultados da observação serão enviados exclusivamente à CNE, que decidirá se divulgará ou não o documento. “Ceela não tem site onde possam postar denúncias porque não nos pertencem. Nós os fazemos, mas eles correspondem às organizações eleitorais”, expressou.

O presidente do Conselho Nacional Eleitoral, Elvis Amoroso, indicou também ter convocado governos e instituições, incluindo a Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac) e a União Africana, embora não tenha sido divulgada informação oficial sobre outras delegações.

Há duas semanas, o chanceler venezuelano, Yván Gil, disse ter 635 confirmações de observadores eleitorais, e esta quinta-feira vários deles participaram numa cerimónia de boas-vindas em Caracas.

Quem não participa?

Em maio, a CNE retirou o convite que tinha feito a uma missão de observação da União Europeia, argumentando a sua rejeição às sanções que o bloco mantém contra responsáveis ​​venezuelanos. Como explicou Amoroso, a decisão foi adotada “no exercício da nossa soberania e dos interesses do povo”.
Diferente foi o caso da Organização dos Estados Americanos (OEA), organismo que possui ampla experiência em observação eleitoral, à qual não foi feito nenhum convite. Em 2017, o governo Maduro iniciou o processo formal de retirada do bloco.

A CNE afirmou que quem participa deve cumprir a Constituição e a legislação venezuelana.

Mas esta foi uma semana agitada diplomaticamente que antecede o domingo.

O Tribunal Superior Eleitoral do Brasil decidiu na quarta-feira cancelar o envio de observadores, depois de o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, ter criticado o sistema de votação brasileiro.

Entretanto, o governo colombiano, que em maio tinha descartado o envio de uma missão por falta de tempo, também disse nessa altura que “algumas personalidades” iam ficar sob observação. Porém, o chanceler Luis Gilberto Murillo, que viajaria à Venezuela neste fim de semana, cancelou os planos.

Por sua vez, o ex-presidente da Argentina Alberto Fernández, que foi convidado pela CNE, disse esta quarta-feira na sua conta X que não viajará a Caracas para o dia das eleições, na sequência de um pedido do Governo da Venezuela que expressou “desconforto ” com declarações suas, nas quais pedia ao presidente Nicolás Maduro que aceitasse o resultado em caso de derrota.

O governo da Venezuela atrasou esta sexta-feira a decolagem de um avião que percorre o trecho da Cidade do Panamá a Caracas e que transporta entre seus passageiros a ex-presidente do Panamá Mireya Moscoso e outros ex-presidentes, informou o atual chefe de Estado do país no X, José Raúl Mulino. Os dignitários embarcaram com a intenção de viajar à Venezuela para observar as eleições.

Este conteúdo foi originalmente publicado em Veja quem são os observadores da eleição presidencial na Venezuela no site CNN Brasil.

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