Scholz faz apelo à Alemanha por união em “tempos difíceis”

""Com país abalado por crise política, economia cambaleante e atentado a mercado de Natal, chanceler federal diz que alemães têm o destino do país nas mãos e não devem permitir que a discórdia os divida.Navegando uma crise política e econômica, e ainda se recuperando do choque após o atentado a um mercado de Natal em Magdeburg que deixou cinco mortos e mais de 200 feridos a dois meses da eleição, a Alemanha ouvirá do chanceler federal Olaf Scholz na noite deste sábado (31/12) um apelo para que se mantenha unida em “tempos difíceis”.

“Não somos um país em que nos voltamos uns contra os outros, ou que não se importa com a nossa comunidade. Somos um país onde as pessoas se unem. E isso pode ser uma fonte de força – especialmente em momentos difíceis como esse. E os tempos andam difíceis, isso é algo que todos nós podemos sentir”, afirmou em sua tradicional mensagem de Ano Novo transmitida em cadeia nacional, logo após lamentar o ataque em Magdeburg.

O chefe de governo alemão e líder social-democrata elogiou a reação dos agentes de segurança e saúde ao atentado, mas também destacou o engajamento de cidadãos comuns, como um comerciante que “passou a noite inteira fazendo chá para os feridos e socorristas”. “Isso somos nós. Isso é a Alemanha.”

Após atentado em Magdeburg, Parlamento pede explicações

A mensagem de Scholz foi encaminhada a jornalistas horas após o alto escalão de segurança do país, incluindo a ministra do Interior e correligionária Nancy Faeser, ser interrogado pelo Parlamento sobre eventuais falhas que permitiram que o ataque ocorresse.

O autor do atentado é um psiquiatra saudita de 50 anos que vive na Alemanha desde 2006. Ele invadiu o mercado de Natal em Madgdeburg com um carro, atropelando a multidão. Nas redes sociais, o caso foi rapidamente tratado como um ataque de motivação islamista e prova de que o país perdeu o controle sobre a imigração

Sem dizer a quais rumores se referia, Scholz alertou que “essas coisas nos dividem e nos enfraquecem”. “Isso não é bom para o nosso país.”

Ele também destacou o papel que os estrangeiros desempenham na força de trabalho alemã. “Muitas pessoas de outros países […] pertencem à nossa força de trabalho e há muitos anos têm sido parte da história de sucesso da Alemanha. Então, não vamos permitir que ninguém – ninguém – nos desuna.”

“Obviamente, onde as autoridades de segurança deixaram de tomar medidas de precaução apropriadas, isso será investigado e remediado”, assegurou.

Recado a Musk

Em seu discurso, Scholz também alfinetou o bilionário americano Elon Musk, dono da rede social X, que após apoiar a eleição de Donald Trump nos Estados Unidos passou a fazer campanha para a sigla de ultradireita Alternativa para a Alemanha (AfD).

Scholz citou a queda do Muro de Berlim e a reunificação alemã como evidências de que quem decide o destino da Alemanha são seus cidadãos, e não os “donos de canais de redes sociais”. “Se alguém sabe por experiência própria que a união pode mudar as coisas para melhor, que a união pode até derrubar muros, somos nós. Nós, aqui, na Alemanha!”

O social-democrata também criticou a divulgação de opiniões extremas como tática para conquistar atenção e mobilizar eleitores. “Não vai ser a pessoa que grita mais alto que vai decidir o rumo da Alemanha, e sim a vasta maioria de pessoas razoáveis.”

O país elege um novo Parlamento em 23 de fevereiro. A votação, que antes só estava prevista para o final de setembro, foi antecipada após o colapso da coalizão tripartidária de governo.

“Tempos difíceis”

Ao admitir que a Alemanha vive “tempos difíceis”, Scholz citou o aumento no custo de vida e a “brutal guerra de agressão russa contra a Ucrânia”, que segundo ele tem deixado os alemães cada vez mais ansiosos.

Ao mesmo tempo, ponderou que o país segue sendo a terceira maior economia do mundo, atrás apenas dos Estados Unidos e da China, apesar de sua população relativamente pequena (84 milhões) na comparação internacional, e argumentou novamente que a Alemanha deve responder aos desafios com união.

Scholz também prometeu que a Alemanha “não deixará a Ucrânia na mão” e, ao mesmo tempo, cuidará para que o conflito não se espalhe.

O alemão encorajou a população a votar e disse que 2025 pode ser um ano bom se as pessoas se tratarem com respeito, confiarem e estenderem a mão umas às outras. “Nosso destino está nas nossas mãos. Podemos fazer de 2025 um bom ano.”

ra (DW, ots)

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