Ascensão de Chávez, Maduro presidente e crises: veja a linha do chavismo na Venezuela


Ideologia assumiu o poder em 1999, após Hugo Chávez se tornar presidente. Com a morte do líder, Nicolás Maduro assumiu herança do grupo político e se mantém há 11 anos como governante. Homem caminha diante de imagem de Nicolás Maduro e, por trás, de Hugo Chávez.
Getty Images via BBC
O presidente Nicolás Maduro tentará neste domingo (28) prorrogar seu mandato na Venezuela por mais seis anos. Se tiver sucesso, também prolongará o ciclo do chavismo no poder do país, que começou em 1999.
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Antes mesmo de Hugo Chávez ser eleito presidente, no fim da década de 1990, a Venezuela já passava por uma forte mudança social. A popularidade de Chávez começou a crescer após a revolta conhecida como “Caracaço”, em 1989.
De lá para cá, o país passou por altos e baixos. A instabilidade política foi agravada por tentativas de golpe e medidas autoritárias. Enquanto isso, o país mergulhou em uma grave crise financeira, que dura pelo menos 10 anos.
Com a morte de Chávez em 2013, Maduro assumiu a herança política do chavismo e se mantém no poder há 11 anos.
Veja, a seguir, uma linha do tempo do chavismo na Venezuela. Confira outros detalhes ao longo da reportagem.
Linha do tempo do chavismo na Venezuela
Kayan Albertin/g1
Antes do chavismo
Em 1989, a Venezuela viu o “Caracaço”. O episódio histórico foi uma revolta popular entre os dias 27 e 28 de fevereiro daquele ano. Tudo começou com manifestações contra o aumento de preço no transporte público, por causa da alta nos combustíveis.
A revolta acabou com a morte de cerca de 300 pessoas, que foram reprimidas por forças militares controladas pelo governo de Carlos Andrés Pérez.
Três anos depois, Pérez foi alvo de uma tentativa de golpe de Estado liderada por Hugo Chávez. Não deu certo. O líder revolucionário acabou sendo preso. Por outro lado, viu sua popularidade crescer.
Chávez saiu da prisão em 1994, quando foi concedida anistia ao grupo dele. Depois, em 1998, se candidatou à Presidência da Venezuela e foi eleito com 56% dos votos.
Chávez obteve apoio de 56,5% dos venezuelanos nas eleições de 1998
Getty Images via BBC
Governo chavista
Hugo Chávez assumiu o governo em 1999. Era o início do chavismo. Em fevereiro daquele ano, o novo presidente convocou um referendo para formar uma Assembleia Nacional Constituinte.
No fim de 1999, foi aprovada a nova Constituição do país. Com isso, foi feita uma nova eleição no ano seguinte. Chávez foi reeleito para um mandato de seis anos.
Em 2002, Chávez se viu diante de um grande desafio: uma greve convocada pela Confederação de Trabalhadores da Venezuela. Manifestações pediram a renúncia do presidente, e ele acabou sendo afastado por um golpe de Estado.
O líder retomou o poder dois dias após ser removido do cargo, com o apoio de militares leais ao governo chavista. No ano seguinte, o presidente ampliou o número de juízes da Suprema Corte, passando a controlá-la.
Chávez sofreu um novo revés em 2004, quando a oposição reuniu assinaturas para um referendo que poderia tirá-lo do poder. O presidente saiu vitorioso, com 59,1% dos votos. Diante disso, ele endureceu o discurso contra a oposição.
Em 2006, Chávez foi reeleito. No ano seguinte, ele conseguiu aprovar uma lei no Congresso para governar por decreto em um período de 18 meses. Isso permitiu ao presidente nacionalizar empresas. Ele também não renovou a concessão da RCTV, que era acusada de fazer oposição ao governo.
Já em 2009, o presidente venceu um referendo que lhe garantiu reeleição ilimitada.
Chávez anunciou que estava com câncer em meados de 2011. Ele iniciou o tratamento naquele ano e apareceu com a cabeça raspada após sessões de quimioterapia. Em 2012, ele foi reeleito para mais um mandato, mas se afastou do cargo pouco tempo depois, por problemas de saúde.
Com o afastamento, o então vice-presidente Nicolás Maduro assumiu o poder de forma interina. Chávez morreu em março de 2013.
Sem cabelo por causa do tratamento de um câncer, Hugo Chávez discursa no palácio do governo em Caracas, Venezuela, 1 de outubro de 2011.
Fernando Llano/AP
Maduro no poder
Com a morte de Chávez, em março de 2013, novas eleições presidenciais foram feitas. Maduro, que já despontava como liderança, era visto como sucessor natural do chavismo. Ele foi eleito presidente por uma pequena margem de votos, derrotando o opositor Henrique Capriles.
Os anos seguintes foram marcados por instabilidade política na Venezuela. Com uma grave crise financeira, em 2014, as ruas do país foram tomadas por manifestantes de oposição que exigiam a saída de Maduro do poder.
Em 2015, a oposição conquistou três quintos do Parlamento da Venezuela. No ano seguinte, deputados contrários ao governo tentaram organizar um referendo para tirar Maduro do poder. Entretanto, o presidente se manteve no cargo com apoio da Justiça.
Maduro convocou uma Assembleia Constituinte em julho de 2017. O governo saiu vitorioso da eleição, e a Assembleia assumiu o papel que era do Parlamento. O movimento foi amplamente criticado pela oposição e comunidade internacional.
Em 2018, a Assembleia Constituinte decidiu antecipar as eleições presidenciais, e Maduro foi reeleito. A oposição, por outro lado, boicotou a votação e alegou fraude. Estados Unidos e países da Europa e América Latina não reconheceram o resultado por falta de transparência.
Diante da crise, em 2019, o oposicionista Juan Guaidó se declarou presidente. O governo interino dele chegou a ser reconhecido por alguns países, mas teve pouco efeito prático, já que Maduro continuou no poder. Em 2022, a própria oposição dissolveu o mandato de Guaidó.
Em outubro do ano passado, o governo da Venezuela e a oposição chegaram a um acordo para a realização das eleições. O tratado foi mediado pelos Estados Unidos com o apoio do Brasil.
Nicolás Maduro assinou lei que cria província da Venezuela em território da Guiana
Governo da Venezuela
Hoje
Com o acordo fechado no fim de 2023, era esperado que nenhum candidato fosse barrado de participar das eleições. Além disso, o pleito teria a presença de observadores internacionais. Mesmo assim, os opositores começaram a enfrentar dificuldades para concorrer.
O Conselho Nacional Eleitoral (CNE), controlado por Maduro, impediu María Corina Machado de concorrer, em janeiro deste ano. Ela era considerada o principal nome para enfrentar o presidente.
Em seguida, Corina Yoris apareceu como uma alternativa, mas não conseguiu acessar o sistema de registro eleitoral por razões não especificadas. Diante deste cenário, a oposição se reuniu em torno do nome do ex-diplomata Edmundo González, que conseguiu se candidatar.
No dia 17 de julho, Maduro disse que poderia haver “banho de sangue” e “guerra civil” na Venezuela caso ele não vença as eleições. Em comícios mais recentes, ele afirmou que vai vencer a “extrema direita” e que não quer “choradeira”.
“O destino da Venezuela no século 21 depende de nossa vitória em 28 de julho. Se não quiserem que a Venezuela caia em um banho de sangue, em uma guerra civil fratricida, produto dos fascistas, garantamos o maior êxito, a maior vitória da história eleitoral do nosso povo.”
Nicolás Maduro e Edmundo González são os principais candidatos na eleição presidencial da Venezuela
Reuters
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