Opositor venezuelano González Urrutia inicia giro latino-americano em Buenos Aires

O opositor venezuelano Edmundo González Urrutia, inicia neste sábado (4) uma série de visitas pela América Latina, começando por Buenos Aires, onde se reunirá com o presidente argentino Javier Milei, uma semana antes da disputada posse presidencial de Nicolás Maduro, que ele alega ter derrotado nas eleições de julho.

González Urrutia chegou a Buenos Aires vindo de Madri na noite de sexta-feira, confirmou à AFP o ex-prefeito venezuelano exilado Antonio Ledezma, que também está na capital argentina como parte da comitiva.

A chegada do candidato ocorreu sob máximo sigilo e medidas de segurança rigorosas.

“O presidente eleito da Venezuela @EdmundoGU está em Buenos Aires”, escreveu Elisa Trotta, venezuelana radicada na Argentina e secretária-geral da ONG Foro Argentino para a Defesa da Democracia (FADD), que participou da organização da viagem do ex-diplomata.

A visita ocorre enquanto autoridades oferecem uma recompensa de 100 mil dólares (620 mil reais na cotação atual) por informações que levem à sua prisão e em meio à escalada da tensão entre os países após a prisão de um gendarme argentino na Venezuela.

González exilou-se na Espanha em setembro e prometeu retornar a seu país para “tomar posse” no lugar de Maduro no dia 10 de janeiro.

A reunião com Milei deve ocorrer na manhã de sábado na Casa Rosada (sede do governo). A comunidade venezuelana na Argentina foi convidada a se reunir na central Plaza de Mayo.

Após o encontro com Milei, González Urrutia viajará a Montevidéu para se reunir com o presidente uruguaio, Luis Lacalle Pou, e com o chanceler, Omar Paganini.

A reunião na tarde de sábado na Torre Executiva (sede da Presidência), segundo fontes do governo, será um “sinal de apoio” às reivindicações do opositor venezuelano sobre os resultados eleitorais em seu país.

Ele também deve viajar para o Panamá na quarta-feira, segundo a imprensa local, e chegar à República Dominicana em 9 de janeiro, de acordo com uma declaração da presidência dominicana.

– Asilo político –

Em 20 de dezembro, a Espanha concedeu asilo político a González Urrutia, acusado pelo Ministério Público venezuelano de “conspiração” e “associação criminosa”. Ele se exilou em Madri em 8 de setembro.

As autoridades eleitorais venezuelanas proclamaram Maduro reeleito a um terceiro mandato consecutivo de seis anos (2025-2031), sem divulgar detalhes da contagem de votos. A oposição denuncia uma fraude e reivindica a vitória de González Urrutia amparada em atas eleitorais publicadas na internet.

A Argentina não reconhece a reeleição de Maduro, assim como Estados Unidos, União Europeia e vários países latino-americanos.

Sua proclamação gerou protestos que deixaram 28 mortos e cerca de 200 feridos, além de 2.400 detidos. Três detidos morreram na prisão e quase 1.400 foram soltos sob liberdade condicional.

Maduro se prepara para tomar posse com o apoio das Forças Armadas, cujo alto comando lhe declarou “lealdade absoluta”.

O primeiro-ministro da Espanha, Pedro Sánchez, e a primeira-ministra da Itália, Giorgia Meloni, reuniram-se com Urrutia em setembro e outubro. Em dezembro, o Parlamento Europeu concedeu o Prêmio Sakharov a ele e à líder da oposição Maria Corina Machado por seus “esforços para restaurar a liberdade e a democracia” na Venezuela.

– Gendarme detido –

A visita de González à Argentina ocorre em meio ao aumento da tensão entre Caracas e Buenos Aires devido à prisão na Venezuela do gendarme argentino Nahuel Gallo.

Na sexta-feira, a Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), exigiu a Caracas informações sobre o paradeiro de Gallo, preso em 8 de dezembro e acusado de “terrorismo” pelo MP venezuelano, após um pedido de medidas cautelares por parte da Argentina.

“Seus direitos à vida e à integridade pessoal enfrentam riscos de dano irreparável na Venezuela”, acrescentou o órgão da Organização dos Estados Americanos (OEA).

O secretário-geral da OEA, Luis Almagro, expressou em comunicado que a entidade “repudia e condena a prisão arbitrária” do gendarme “por parte do regime da Venezuela”.

A Chancelaria argentina anunciou na quinta-feira que denunciou a Venezuela ao Tribunal Penal Internacional (TPI) pela “prisão arbitrária e desaparecimento forçado” do gendarme de 33 anos, o que foi classificado como um “espetáculo lamentável” pelo chanceler venezuelano, Yván Gil.

A relação diplomática entre Milei e Maduro já estava tensa, mas ruiu completamente após o resultado eleitoral não ter sido reconhecido.

A embaixada argentina em Caracas – sob custódia do Brasil – abriga desde março seis colaboradores de Machado, acusados de “terrorismo”. Um deles renunciou ao asilo em dezembro e se entregou às autoridades. Os cinco restantes aguardam um salvo-conduto para deixar o país.

tev-lm/nn/jc/aa/yr/mvv

Adicionar aos favoritos o Link permanente.