Alemanha defende alívio “inteligente” das sanções à Síria

"EmEm reunião de chefes da diplomacia da Europa e do Oriente Médio em Riad, ministra alemã do Exterior anuncia envio de € 50 mi em ajuda humanitária. UE exige governo inclusivo em Damasco, com participação das minorias.Chefes da diplomacia da Europa e do Oriente Médio se reúnem a partir deste neste domingo (12/01) em Riad, na Arábia Saudita, para discutir o futuro da Síria após a derrubada do regime do ditador Bashar Al-Assad.

As potências mundiais estudam o alívio das sanções que ainda pesam sobre o país, ao mesmo tempo em que pressionam pela estabilidade política do novo governo. As conversas incluirão uma reunião de autoridades árabes, bem como uma conferência mais ampla que incluirá representantes da Turquia, Alemanha, França, União Europeia e Nações Unidas,

Em Riad, a ministra alemã no Exterior, Annalena Baerbock, anunciou o envio de 50 milhões de euros (R$ 312 milhões) adicionais em ajuda humanitária para o fornecimento de alimentos, abrigos de emergência e assistência médica. As verbas deverão ser distribuídas através do Programa Alimentar Mundial (PAM) da ONU e de várias organizações não governamentais.

Ela afirmou que as sanções contra autoridades do antigo regime sírio responsáveis por crimes de guerra devem permanecer em vigor, mas defendeu uma “abordagem inteligente em relação às sanções, fornecendo alívio rápido para a população síria”. “Os sírios agora precisam de um rápido dividendo da transição de poder”, explicou.

Vários países romperam laços com a ditadura de Assad e impuseram sanções ao país – assim como a seus aliados russos e iranianos – por supostos crimes de guerra e pela fabricação do estimulante Captagon, semelhante à anfetamina, que supostamente gerou bilhões de dólares ao regime ao ser contrabandeado através das porosas fronteiras sírias.

Com Assad fora de cena, os novos governantes sírios esperam que a comunidade internacional injete dinheiro no país para reconstruir sua infraestrutura e tornar sua economia novamente viável

EUA preferem “esperar para ver”

As potências ocidentais, incluindo os Estados Unidos e a União Europeia (UE), impuseram sanções ao governo de Assad por sua repressão brutal aos protestos antigoverno em 2011, que desencadeou uma guerra civil que matou cerca de 500.000 pessoas e deslocou metade da população pré-guerra de 23 milhões. Essas penalidades, no entanto. devem dificultar a recuperação da Síria depois de quase 14 anos de conflitos internos.

O Departamento do Tesouro dos Estados Unidos informou na última segunda-feira que vai aliviar a aplicação de restrições que afetam serviços essenciais como energia e saneamento. No entanto, as autoridades americanas disseram que vão esperar para ver o progresso da situação no país antes de qualquer flexibilização mais ampla das sanções.

Os EUA também retiraram uma recompensa de 10 milhões de dólares que haviam oferecido pela captura do líder rebelde e atual chefe do governo provisório na Síria, Ahmed al-Sharaa.

Anteriormente conhecido como Abu Mohammed al-Jolani – nome formulado segundo as convenções jihadistas –, ele foi membro da Al-Qaeda no passado. Contudo, Al-Sharaa – seu nome verdadeiro – assegura que rompeu com o grupo islamista anos atrás e prometeu uma Síria inclusiva, respeitando os direitos das minorias religiosas.

Os rebeldes lideraram uma insurgência relâmpago que derrubou Assad em 8 de dezembro e pôs fim a décadas de um regime brutal no país árabe.

UE exige inclusão das minorias

A principal diplomata da União Europeia, Kaja Kallas, afirmou que o bloco das 27 nações poderá começar a suspender as sanções se os novos governantes da Síria adotarem medidas para formar um governo inclusivo que proteja as minorias.

Os ministros das Relações Exteriores europeus devem se reunir em 27 de janeiro para discutir o possível alívio das restrições que “estão impedindo a reconstrução do país, o acesso a serviços bancários e todas essas coisas”, disse Kallas em Riad, neste domingo.

“Se virmos os desenvolvimentos indo na direção certa, estamos prontos para dar os próximos passos”, afirmou a diplomata, acrescentando que a UE também deve manter uma “posição de recuo”, para o caso de haver uma perda de confiança no novo governo sírio.

rc (AP, DPA, AFP)

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