Governo inclui assentamento do MST alvo de ataque em programa de proteção

O assentamento Olga Benário do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), situado em Tremembé, no interior de São Paulo, será incluído no programa de proteção do Ministério dos Direitos Humanos. A ministra da pasta, Macaé Evaristo, esteve no enterro das vítimas do ataque ao acampamento neste domingo (12). 

No local, Macaé Evaristo disse que uma equipe do ministério implementará a partir de segunda-feira (13) uma “ação de escuta” no assentamento a fim de prestar apoio psicológico aos familiares das vítimas e também aos demais moradores da comunidade. 

“O que nós vamos estabelecer agora é uma ação de escuta a todas as famílias para apoio psicológico e também para construir um processo de proteção coletiva. Às vezes é preciso comprar equipamento, desde câmeras filmadoras de monitoramento, treinamento para as comunidades. Tudo isso vai ser estabelecido a partir de agora”, disse.

De acordo com a ministra, o governo trabalhará conjuntamente com a coordenação do assentamento para estabelecer políticas de proteção coletiva, com a implementação, entre outras medidas, de câmeras de monitoramento no local. 

“A nossa equipe estará aqui para fazer uma escuta individual e construindo coletivamente uma proposta para que se tenha proteção coletiva”, afirmou.

A ministra disse que não haviam denúncias prévias registradas por moradores do assentamento em relação à ameaças. “Especificamente sobre esse caso, nós não tínhamos nenhuma denúncia prévia. Tanto é que esse grupo [Olga Benário] não faz parte do nosso grupo de proteção. Passará a fazer parte a partir desse episódio”.

Em nota divulgada após o ataque, o Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania informou que irá reforçar a proteção de movimentos sociais. A pasta disse também que oferecerá assistência para as lideranças do Olga Benário.

No último sábado (11), o Ministério da Justiça e Segurança Pública determinou que a Polícia Federal instaure um inquérito para investigar o ataque ao assentamento. De acordo com a pasta, uma equipe da PF, com agentes, perito e papiloscopista foi deslocada para o local.

“O plano de proteção integrada também é um plano de garantia de vários direitos. É preciso que as instituições funcionem de modo articulado para garantir não só a vida dessas pessoas, mas também que eles possam seguir com seus trabalhos avançando na agricultura familiar e na produção de alimentos. E que se sintam seguros. Para ter essa segurança, é preciso institucionalidade, o que passa por uma ação integrada do estado”, explicou a ministra. 

Mortes

O ataque deixou duas pessoas mortas e outras seis feridas. Gleison Barbosa, de 28 anos, e Valdir do Nascimento, conhecido como Valdirzão, de 52, morreram no local. Anteriormente, o MST havia informado que o ataque ocasionou três mortes, sendo uma delas após um período de internação. Mais tarde, o Movimento recuou, destacando o total de duas vítimas fatais.

As demais vítimas foram hospitalizadas no Hospital Regional de Taubaté e no Pronto Socorro de Tremembé. Um dos feriados está em estado “muito grave”, segundo o MST.

De acordo com o MST, os atiradores entraram no Assentamento Olga Benário com cinco carros e duas motos. Um homem foi abordado no local e preso em flagrante por porte ilegal da arma, informou a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP-SP).

Em nota, o MST afirma que “o local enfrenta uma intensa disputa com a especulação imobiliária voltada para o turismo de lazer, devido à sua localização estratégica na região do Vale do Paraíba”.

O movimento informou também que as famílias assentadas sofrem ameaças constantes, mesmo após denúncias às autoridades.

Este conteúdo foi originalmente publicado em Governo inclui assentamento do MST alvo de ataque em programa de proteção no site CNN Brasil.

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