Em Davos, autoridades da ONU chamam atenção a desenvolvimento nuclear do Irã

O secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, pediu nesta quarta-feira (22) para que o Irã dê um primeiro passo para melhorar as relações com os países vizinhos a ele e com os Estados Unidos – e que, para isso, deixe claro que não pretende desenvolver armas nucleares.

“Minha esperança é que os iranianos entendam que é importante deixar claro de uma vez por todas que eles renunciarão a ter armas nucleares, ao mesmo tempo em que se envolvem construtivamente com os outros países da região”, declarou Guterres no Fórum Econômico Mundial em Davos.

O chefe do órgão de vigilância nuclear da ONU, Rafael Grossi, abordou o mesmo tema em Davos. Ele afirmou que o Irã está “pisando no acelerador” em seu enriquecimento de urânio, e que essa aceleração está começando a surtir efeito.

Segundo Grossi, o Irã havia informado à Agência Internacional de Energia Atômica que aceleria o enriquecimento de urânio a até 60% de pureza, mais próximo dos cerca de 90% que caracterizam o grau para armas.

As potências ocidentais classificaram a medida como uma grave escalada e disseram que não havia justificativa civil para o enriquecimento até esse nível e que nenhum outro país fez isso sem produzir armas nucleares. O Irã se defendeu afirmando que seu programa é totalmente pacífico e que tem o direito de enriquecer urânio em qualquer nível que desejar.

“Antes, o Irã produzia mais ou menos sete quilos [de urânio enriquecido a até 60%] por mês, e agora está produzindo 30 ou mais. Portanto, acho que essa é uma indicação clara de uma aceleração”, declarou Grossi aos repórteres em Davos.

De acordo com um parâmetro da Agência Internacional de Energia Atômica, cerca de 42 kg de urânio enriquecido até esse nível é suficiente, em princípio, se enriquecido ainda mais, para uma bomba nuclear. Grossi disse que o Irã tem atualmente cerca de 200 kg de urânio enriquecido a até 60%.

Ainda assim, ele disse que levaria tempo para instalar e colocar em funcionamento as centrífugas extras – máquinas que enriquecem o urânio – mas que a aceleração estava começando a acontecer.

“Vamos começar a ver aumentos constantes a partir de agora”, concluiu.

Grossi pediu diplomacia entre o Irã e o governo do novo presidente dos EUA, Donald Trump, que retirou os Estados Unidos de um acordo nuclear entre o Irã e as principais potências, em seu primeiro mandato. Desde então, o acordo – que impunha limites rígidos às atividades atômicas iranianas – foi desfeito.

Este conteúdo foi originalmente publicado em Em Davos, autoridades da ONU chamam atenção a desenvolvimento nuclear do Irã no site CNN Brasil.

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